11/04/2022 - 21:01
Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) – Eventual reeleição do presidente Jair Bolsonaro será acompanhada do mesmo programa do atual governo, que será aprofundado, afirmou nesta segunda-feira o ministro da Economia, Paulo Guedes, citando ações que ficaram travadas ou foram derrubadas durante a atual gestão.
Em evento promovido pela Associação Comercial e Empresarial de Maringá, Guedes defendeu o corte de encargos trabalhistas, citando que não avançou no atual governo a ideia de criar um imposto que permitisse reduzir esses custos. Ele não mencionou qual seria esse tributo, mas o plano da equipe econômica previa criar um imposto sobre pagamentos aos moldes da extinta CPMF, medida que sofreu forte rejeição dentro e fora do governo.
Outra ação mencionada pelo ministro é a chamada Carteira Verde e Amarela. A medida para estimular contratações por meio da redução de encargos trabalhistas foi apresentada pela atual gestão, mas acabou derrubada pelo Congresso.
“Vamos encaminhar logo no primeiro mês do próximo governo a reforma tributária que estávamos propondo antes”, acrescentou Guedes.
A proposta tributária, segundo ele, teria os mesmos moldes do projeto apresentado no atual mandato, com redução de impostos para empresas e taxação de dividendos.
De acordo com o ministro, o governo também continuará trabalhando em defesa da venda de ativos, além da aprovação de novos marcos regulatórios para estimular o setor privado.
INFLAÇÃO
Na apresentação, Guedes disse que a aprovação da autonomia do Banco Central foi importante para evitar que a alta de preços se tornasse um problema generalizado. Ele ponderou que a inflação se tornou fenômeno mundial que atingiu o país mesmo com atuação da política monetária no Brasil.
Para ele, os juros estão relativamente elevados em termos reais e o Brasil vai derrubar a inflação antes de nações avançadas.
O IPCA deu o maior salto em 28 anos para um mês de março, segundo dados do IBGE apresentados na última semana, sob o impacto da alta dos combustíveis e com disseminação generalizada por vários grupos de produtos e serviços, atingindo 11,30% em 12 meses.
Na manhã desta segunda-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que a recente alta da inflação foi uma surpresa e que está aberto para analisar o cenário se houver algo diferente do padrão.
O BC vem implementando um duro ciclo de aperto monetário para debelar a inflação, levando a taxa Selic a 11,75%, com indicação que a taxa de juros atingirá 12,75% na reunião de maio do Copom (Comitê de Política Monetária). A estratégia pode ser revisada, com aperto adicional, conforme sinalizou Campos Neto.
Na apresentação, Guedes disse que recebeu agradecimentos recentemente de funcionários de um restaurante e um hotel porque os empregos teriam sido preservados após o governo lançar o programa que autorizou cortes de jornadas e salários.
(Por Bernardo Caram; edição de Roberto Samora)