18/04/2022 - 10:49
Em pronunciamento de rádio e TV na noite deste domingo (17), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou o fim da emergência de saúde pública causada pela Covid-19. A medida, no entanto, contraria recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e difere da política de saúde pública adotada pelos Estados Unidos, que ampliou o uso da máscara por mais três meses.
Apesar da queda do número de infecções e óbitos decorrentes do coronavírus – a semana passada marcou o menor número de mortes desde o início da pandemia -, o Comitê de Emergência da OMS declarou que a Covid-19 “representa um risco contínuo de propagação internacional e requer uma resposta internacional coordenada”.
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A organização manteve a emergência internacional com a preocupação de que muitos países ainda não atingiram uma taxa de vacinação segura.
“A melhor maneira para se proteger é se vacinando e tomando a dose de reforço quando recomendada. Continue usando máscara – especialmente em aglomerações em ambientes fechados”, afirmou Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS desde 2017.
Segundo a plataforma Our World in Data, 34,4% da população mundial ainda não recebeu sequer a primeira dose da vacina contra a Covid-19. A maioria desses países são africanos – o continente tem apenas 15% da população totalmente imunizada e 5% com a primeira dose.
“O comportamento imprevisível do SARS-CoV-2 e as respostas nacionais insuficientes contribuem com a continuidade do contexto de pandemia global”, afirmou a OMS em nota na última quarta-feira (13). “O Comitê concordou por unanimidade que a pandemia de Covid-19 ainda constitui um evento extraordinário que continua a afetar negativamente a saúde das populações em todo o mundo, representa um risco contínuo de disseminação interferência no tráfego internacional e requer uma resposta internacional coordenada”.
A entidade ainda reforçou que a redução de casos e mortes não significam um “risco menor” do vírus, que continua a evoluir e a mutar geneticamente.
Enquanto o vírus tiver circulando pelo mundo – e as vacinas são a melhor maneira de evitar isso – há chances de surgir uma nova variante, com linhagem genética distinta das cobertas pelas vacinas atuais.
Atualmente, a OMS acompanha algumas sub-linhagens da ômicron: BA.2, BA.4 e BA.5. No Brasil, a BA.2 é majoritária e representa quase 70% das amostras analisadas, segundo o Instituto Todos pela Saúde.
Ghebreyesus ainda reforçou que, diante do cenário de queda de óbitos por Covid-19, muitos países reduzem o monitoramento e a testagem em massa ao coronavírus, assim como relaxam medidas de proteção sanitárias.
“Se falharmos agora em vacinar todo mundo, então iremos falhar no futuro”, declarou Mike Ryan, da OMS.
Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden ampliou, na última quarta (13), a emergência sanitária em mais três meses, com testes e tratamento gratuito pagos pelo governo.