25/07/2022 - 9:34
Poucas semanas foram tão aguardadas no mundo da tecnologia quanto esta. Na terça-feira (26), a Alphabet (Google-YouTube) e a Microsoft (Linkedin) anunciam seus resultados do primeiro semestre do ano. Na quarta (27), será a vez da Meta (Facebook-Instagram-WhatsApp). Na quinta-feira (28), Amazon e Apple encerram a agenda que promete ser quente. Poucos semestres da história fizeram este grupo de empresas, as BigTechs, apanhar tanto. Todas perderam valor de mercado este ano.
O que é paradoxal, já que nenhuma delas colocou menos dinheiro no caixa ao longo da história. Ainda assim, a performance ao longo de 2022 pode ser considerada assustadora a seus acionistas. Todas desabaram acima de dois dígitos. A que menos perdeu foi a Apple. Ainda assim, a empresa viu suas ações caírem 10,5% (de US$ 172,12, em 3 de janeiro deste ano, para US$ 154,09 no fechamento do dia 22, sexta-feira). Na sequência vem a Microsoft, com queda de 17,1% no mesmo período (de US$ 314,04 para US$ 260,36). Depois chega o a Alphabet, dona do Google, com redução de 20,5% (de US$ 137,00 para US$ 108,36). Em segundo lugar no ranking de perda de valor está a Amazon, que caiu 24,7% (de US$ 162,55 para US$ 122,42). E liderando o ranking de encolhimento, a Meta Platforms, que derreteu 49,0% (de US$ 331,79 para US$ 169,27).
O paradoxo está no fato de que todas elas são empresas rentáveis. Além disso, se mantêm inovadoras e com gestão de mais alto nível. Soma-se a isso, ou como consequência disso, tem consumidores fiéis, numerosos e presentes globalmente. São marcas grandiosas, entre as mais valiosas do planeta. E nenhuma delas – com exceção da Meta – vale menos de US$ 1 trilhão. Nesse ranking, a Apple ainda estava avaliada no fechamento de sexta-feira (22) em quase US$ 2,5 trilhões. Na sequência vêm Microsoft (US$ 1,9 trilhão), Alphabet (1,4 tilhão), Amazon (US$ 1,2 trilhão) e Meta (US$ 458 bilhões). Juntas as cinco corporações valem U$ 7,5 trilhões.
Todas perderam valor não por problemas com produtos ou receitas. Perderam por uma combinação especialmente de três fatores. Um deles pode-se dizer é concreto. Os outros dois são difusos e mais baseados em perspectivas do que em fatos. Pelo lado do concreto temos os principais Bancos Centrais do mundo subindo juros. Isso significa que títulos da dívida dos países remuneram mais os investidores. E trata-se de um dinheiro de retorno certo. O resultado é uma atração recorde desses investidores, que vendem seus ativos de risco (as ações) e migram para os títulos. O segundo fator é uma indefinição sobre o futuro da economia global. A pandemia ainda não derrotada e uma guerra na Europa sem final previsível têm efeito desestimulador na atração pelo risco por parte do grande capital. Isso teve efeito no preço das ações das Big Techs. O terceiro fator é o surgimento de leis e regulações cada vez mais agressivas em cima da concentração de poder dessas empresas, em especial pelas autoridades europeias, que querem taxar e regular mais suas operações, o que derruba horizonte de ganhos.
Por esse pacote de motivos, os resultados que essas empresas vão anunciar nesta semana serão definidores para a volta do dinheiro. E para dizer, paralelamente, como anda o humor do alto investimento em relação ao futuro de toda a economia global.