22/08/2022 - 7:28
Após o aumento exponencial de casos de varíola dos macacos nos últimos meses, a doença é melhor compreendida, mas muitas dúvidas permanecem, cruciais para saber até que ponto a epidemia pode ser contida.
– Um vírus novo? –
A varíola dos macacos já era conhecida há várias décadas em uma dezena de países africanos. Entre seus sintomas estão a febre e as lesões corporais.
Mas a novidade é que este ano se espalhou para outros continentes. Atualmente, o número de casos supera os 35.000 e também foram registradas as primeiras mortes por esta doença.
O perfil dos infectados também mudou. Trata-se principalmente de homens adultos que mantêm relações com outros homens, em contraste com o que acontece na África, onde a doença afeta principalmente crianças.
Daí vem a primeira pergunta: o vírus mudou por meio de mutações?
“Examinando o genoma, vemos que existem de fato algumas diferenças genéticas”, disse a OMS à AFP nesta semana.
“Mas não sabemos nada sobre a importância dessas alterações genéticas e há pesquisas em andamento para estabelecer as [possíveis] consequências dessas mutações na transmissão e gravidade da doença”, explicou.
– É sexualmente transmissível? –
Os pesquisadores hesitam em classificar a varíola dos macacos como uma Infecção Sexualmente Transmissível (ISTs), mas está comprovado que os contágios atuais estão principalmente relacionados às relações sexuais.
Esta conclusão, apoiada por vários estudos baseados em centenas de casos, mina a hipótese de um papel importante para a transmissão aérea. Também questiona a necessidade de manter os infectados em quarentena, como é feito em vários países.
No entanto, uma dúvida permanece: o vírus é transmitido simplesmente pelo contato físico durante a relação sexual ou também pelo sêmen?
– Transmissão aos animais ? –
Originalmente, a varíola dos macacos foi identificada como uma doença transmitida principalmente aos seres humanos por meio de animais, especialmente roedores e raramente primatas.
O alto nível de transmissão de pessoa para pessoa é uma característica nova. Mas ainda resta saber se os humanos podem transmitir a doença para os animais.
A questão não é anedótica, pois os animais podem constituir um reservatório de contaminação no qual o vírus pode continuar evoluindo de maneira potencialmente perigosa.
Um estudo de caso publicado na revista The Lancet descreveu recentemente uma primeira infecção de humanos para um cão. Mas até agora é um caso único e, segundo a OMS, o perigo seria que o vírus fosse transmitido a animais selvagens.
“É através do processo de um animal infectar o próximo e o próximo e o próximo que vemos a rápida evolução do vírus”, disse Michael Ryan, especialista da OMS, nesta semana.
– Assintomáticos transmitem? –
Ainda não se sabe até que ponto pessoas infectadas com o vírus, mas sem sintomas, podem transmitir a doença.
Um estudo realizado na França e publicado na revista Annals of Internal Medicine, registrou a presença do vírus em alguns pacientes assintomáticos, mas sem determinar se eram transmissíveis.
Esse é um “motivo adicional” pelo qual temos que considerar a varíola dos macacos “como um problema de saúde pública”, afirma Stuart Isaac, pesquisador independente do estudo.
– As vacinas são eficazes? –
Diversos países iniciaram campanhas de vacinação, mas as vacinas contra a varíola não foram desenvolvidas especificamente para combater a varíola dos macacos.
Portanto, seu nível de eficácia permanece incerto, embora não reste dúvidas de que fornece certo nível de proteção.
Porém, há sinais promissores no Reino Unido, onde parece que a epidemia está desacelerando. As autoridades britânicas acreditam que a vacina “deveria ter um efeito significativo na transmissão do vírus”.