Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar voltava do feriado com ganhos frente ao real nesta quarta-feira, à medida que investidores aguardavam definições sobre os gastos extra-teto que serão incluídos na PEC da Transição e continuavam temerosos em meio a dúvidas sobre quem será o ministro da Fazenda de Luiz Inácio Lula da Silva.

Às 10:08 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,32%, a 5,3198 reais na venda. Mais cedo, a divisa norte-americana chegou a subir 1,42%, a 5,3777 reais, mas logo moderou os ganhos em meio à baixa do dólar no mercado internacional.

Na B3, às 10:08 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,43%, a 5,3365 reais.

A PEC da Transição, que aumenta o espaço para gastos públicos em 2023, continua sendo motivo de cautela nos mercados em meio à indefinição sobre o valor extra-teto que será embutido no texto. Na terça-feira, o economista Persio Arida, que faz parte da equipe de transição do presidente eleito Lula, disse ser contra excepcionalizar despesas como o Auxílio Brasil da regra do teto de gastos, mas agentes financeiros temem que ele seja voto vencido.

“A equipe de transição segue insistindo em retirar os gastos do Bolsa Família de forma definitiva do teto”, disseram estrategistas da Guide Investimentos em nota a clientes, que também destacaram a ansiedade de investidores em meio ao “suspense sobre a composição da Esplanada dos Ministérios do próximo governo Lula”.

Boatos sobre possível indicação de um nome mais conservador e ortodoxo para chefiar o Ministério da Fazenda costumam animar os mercados, enquanto notícias no sentido oposto, ventilando pessoas possivelmente mais inclinadas a aumentos de gastos públicos, geralmente derrubam os ativos brasileiros.

Agentes financeiros estão de olho ainda na participação de Lula na COP-27, cúpula climática da Organização das Nações Unidas (ONU) que está sendo realizada no Egito. O presidente eleito disse nesta quarta-feira que o Brasil está de volta à luta global contra a mudança climática.

Enquanto isso, no exterior, o dólar caía 0,4% contra uma cesta de moedas fortes, em meio a noticiário misto.

De um lado, fornecendo alívio a investidores do mundo inteiro, dados de inflação ao produtor norte-americano de terça-feira vieram abaixo do esperado, mais um indício de que a pressão de preços na maior economia do mundo está perdendo fôlego, comentou Guilherme Esquelbek, da Correparti Corretora.

No entanto, impondo alguma cautela à cena internacional, mísseis atingiram a Polônia na terça-feira, matando duas pessoas e elevando as tensões geopolíticas em meio à guerra da Rússia na Ucrânia, destacou Esquelbek.

O presidente da Polônia disse nesta quarta-feira que não há indicação de que o ataque tenha sido intencional e que parece não ser necessário lançar o procedimento do Artigo 4 da Otan, o que ajudou a acalmar os ânimos no mercado.

Além disso, uma fonte da Otan afirmou nesta quarta-feira que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse a aliados que a explosão foi provocada por um míssil ucraniano de defesa aérea.

O dólar fechou a última sessão, na segunda-feira, em queda de 0,51%, a 5,3026 reais na venda.

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