25/11/2022 - 9:27
Aliados do ex-presidente de ultradireita Donald Trump têm aconselhado o clã Bolsonaro sobre “os próximos passos” que devem ser tomados após as eleições presidenciais brasileiras, aponta reportagem do jornal americano Washington Post.
De acordo com a publicação, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, o filho “03” do presidente brasileiro, teve um encontro com Trump em Mar-a-Lago, resort de luxo que pertence ao político republicano, em Palm Beach, no estado Flórida, após a derrota de Jair Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva.
Embora o conteúdo das discussões entre Trump e Eduardo não tenha sido revelado pelo jornal, a publicação aponta que o deputado travou conversas mais explícitas sobre o quadro político brasileiro com aliados do republicano.
+ Bolsonaro ressurge depois de 20 dias
+ Após decisão de Moraes, Bolsonaro se reúne com comandantes das Forças e ministros
+ Lula busca generais demitidos por Bolsonaro, mas ainda tem desafios com militares
+ Jornalista que acusa Trump de estuprá-la nos anos 90 reinicia processo nos EUA
Ao jornal, o ex-assessor de Trump e estrategista de ultradireita Steve Bannon confirmou que conversou com o deputado brasileiro sobre o “poder dos protestos pró-Bolsonaro” e potenciais contestações ao resultado da eleição.
Por sua vez, Jason Miller, ex-assessor de Trump e conselheiro da campanha do republicano em 2020, confirmou ao jornal que almoçou com Eduardo na Flórida e que eles discutiram “censura digital” e “liberdade de expressão”.
Segundo o jornal, nem Trump nem Eduardo Bolsonaro responderam aos questionamentos dos jornalistas que escreveram a reportagem.
Ainda de acordo com o jornal, as conversas de Eduardo com os aliados de Trump “espelharam debates que se desenrolam em Brasília”, onde apoiadores de Bolsonaro estão discutindo os próximos passos do seu “movimento populista conservador”.
O Washington Post avalia que esse movimento passa por uma situação similar à enfrentada pelos trumpistas logo após a derrota do republicano em 2020.
O texto ainda aborda os protestos e bloqueios que vêm sendo organizados pelos bolsonaristas no Brasil para tentar contestar a vitória de Lula. O jornal aponta que alguns dos conselheiros de Bolsonaro, incluindo Bannon, querem que o presidente conteste o resultado, “um esforço que provavelmente fracassaria, mas que encorajaria manifestantes”.
Nesta semana, o PL, a sigla de Bolsonaro, entrou com um pedido no Tribunal Superior Eleitoral do Brasil para invalidar os votos registrados por cerca de 280 mil urnas fabricadas antes de 2020. O pedido foi recusado pelo TSE, que ainda impôs uma multa de quase R$ 23 milhões ao partido por litigância de má-fé.
“O que está acontecendo no Brasil é um evento mundial”, disse Bannon ao Washington Post. “As pessoas estão dizendo que foram totalmente privadas de direitos. [O movimento] foi além dos Bolsonaros da mesma forma que nos EUA foi além de Trump”, completou Bannon.
Em outubro, Bannon, uma figura proeminente da ultradireita global, foi condenado a quatro meses de prisão por se recusar a cooperar com os parlamentares que investigavam o ataque ao Capitólio dos EUA em janeiro de 2021. Bannon é apontando como uma das figuras-chaves da invasão.
Miller, que também é CEO da rede social conservadora Gettr, disse ao jornal que avaliava que Bolsonaro não estava concorrendo contra Lula, mas contra o Supremo Tribunal Federal do Brasil.
jps/lf (ots)