A compra do Credit Suisse pelo UBS criará um gigante bancário sem precedentes na história da Suíça, um país onde o setor bancário é parte integral da identidade nacional.

A seguir, os principais pontos do acordo de 3 bilhões de francos suíços (US$ 3,25 bilhões, cerca de R$17 bilhões) concluído no domingo (19), após intensas negociações envolvendo o governo, reguladores financeiros e o banco central.

– Preservar a estabilidade financeira –

O Credit Suisse, segundo maior banco suíço, está em turbulência há dois anos e é uma das 30 instituições financeiras consideradas grandes demais para falir.

“Seu destino é, portanto, decisivo não apenas para a Suíça, para nossas empresas, clientes particulares, seus funcionários, mas para a estabilidade de todo o sistema financeiro”, declarou o presidente suíço, Alain Berset, ao apresentar o acordo.

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A ministra das Finanças, Karin Keller-Sutter, afirmou que a falência do Credit Suisse teria causado “uma turbulência econômica irreparável”.

“Por essa razão, a Suíça deve assumir a responsabilidade além de suas fronteiras”, indicou.

“A compra do Credit Suisse pelo UBS estabeleceu a base de uma maior estabilidade na Suíça e internacionalmente”, acrescentou.

– Colosso em gestão de patrimônio –

“A combinação dos dois bancos fortalece a posição do UBS como líder mundial em gestão de patrimônio, com mais de US$ 5 trilhões (cerca de R$ 26,3 trilhões) investidos em bens nos mercados de crescimento mais atraentes”, disse o presidente do conselho do UBS, Colm Kelleher.

“Também fortalece a posição do UBS como líder em serviços bancários universais na Suíça e amplia nossa posição como o principal banco global suíço”, acrescentou.

“A combinação dos dois negócios deve gerar uma redução de custo anual de mais de US$ 8 bilhões (cerca de R$ 42 bilhões) até 2027”, disse o UBS no comunicado.

– Sem voto dos acionistas –

Os acionistas receberão uma ação do UBS para cada 22,48 ações do Credit Suisse que possuem, equivalente a 0,76 francos suíços por ação, abaixo do preço de fechamento de sexta-feira de 1,86 francos suíços.

No entanto, esta compra não estará sujeita ao voto dos acionistas, conforme acordo firmado com as autoridades suíças e outras autoridades reguladoras.

A Comissão de Concorrência também não terá voz na excepcional fusão entre os dois maiores bancos da Suíça.

– Depósitos protegidos –

“Espera-se que a fusão seja concluída até o final de 2023, se possível”, afirmou o Credit Suisse em comunicado.

Enquanto isso, o Credit Suisse continuará a implementação de seu programa de reestruturação “em colaboração com o UBS”.

A FINMA, regulador financeiro suíço, afirmou que todos os serviços do banco continuarão sem interrupção.

“Assim se garante a proteção dos correntistas cujas contas, contas de segurança e outros serviços (caixa eletrônico, banco online, cartões de débito e crédito) continuarão disponíveis”, indicou.

– Empregos –

O UBS assumirá a gestão de patrimônio, gestão de ativos e o banco nacional suíço do Credit Suisse, incluindo serviços bancários de varejo e empréstimos para pequenas e médias empresas.

“O UBS pretende reduzir o negócio de banco de investimentos do Credit Suisse e alinhá-lo com nossa cultura conservadora de risco”, disse Kelleher, referindo-se a um dos aspectos mais arriscados da pasta do Credit Suisse.

Mas nem Kelleher nem o presidente do Credit Suisse, Axel Lehmann, deram detalhes sobre possíveis cortes de empregos, embora desejem manter o período de incerteza o mais curto possível.

– Liquidez –

Para facilitar o negócio, o governo suíço concedeu ao UBS uma garantia de 9,9 bilhões de francos suíços para cobrir possíveis perdas de certos ativos que absorverá.

O Banco Nacional Suíço (central) também fornecerá suporte aos dois bancos na forma de liquidez de até 100 bilhões de francos suíços.

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