15/05/2023 - 7:33
A Ucrânia reivindicou nesta segunda-feira (15) o “primeiro sucesso” em sua ofensiva ao redor na proximidades da cidade de Bakhmut, leste do país, contra as linhas de defesa russas, no momento de uma viagem pela Europa do presidente Volodimir Zelensky, que chegou a Londres para pedir mais ajuda militar.
Antes mesmo da chegada de Zelensky ao Reino Unido, Londres prometeu que fornecerá “nos próximos meses centenas” de mísseis antiaéreos e drones de ataque de longo alcance a Kiev.
Após meses de estagnação, a Ucrânia se prepara para tentar retomar o território conquistado pela Rússia, com o armazenamento das munições fornecidas pelo Ocidente e o reforço do apoio internacional.
Há vários dias, o exército ucraniano afirma que está avançando no norte e sul de Bakhmut (leste), cenário da batalha mais violenta desde o início da invasão russa.
“O avanço de nossas tropas na zona de Bakhmut é o primeiro sucesso da ofensiva para defender a cidade, que os russos tentam tomar desde meados do ano passado”, afirmou o comandante das tropas terrestres ucranianas, Oleksandr Sirski.
No domingo, as autoridades ucranianas afirmaram ter retomado “mais de 10 posições inimigas ao norte e ao sul da periferia de Bakhmut”. Dois dias antes, Kiev afirmou ter recuperado dois quilômetros na mesma área.
A Rússia respondeu que também está avançando na localidade, que tenta conquistar desde agosto do ano passado.
Os analistas questionam o interesse estratégico da cidade para os russos, mas a conquista de Bakhmut permitiria ao Kremlin reivindicar uma vitória após vários meses de derrotas.
Na frente de batalha, o grupo paramilitar Wagner é apoiado pelo exército russo, mas o fundador da milícia, o empresário Yevgueni Prigozhin, acusou em diversas oportunidades os comando militar de não enviar munições suficientes para seus soldados.
Na semana passada, ele chegou a acusar alguns soldados russos de “fugir” de suas posições e afirmou que as defesas estavam em “colapso”.
Porém, o ministério russo da Defesa, muito criticado por Prigozhin, reiterou no domingo que “impediu todos os ataques ao norte e ao sul” de Bakhmut, rebatendo as alegações de Kiev.
Em um raro anúncio de baixas no campo de batalha, o ministério informou as mortes de dois comandantes militares.
Nesta segunda-feira, um bombardeio russo que atingiu um hospital matou quatro pessoas em Avdiivka, leste da Ucrânia, anunciou o governador da região de Donetsk, Pavlo Kyrylenko.
– Zelensky visita o “amigo” Sunak –
O presidente Volodimir Zelensky está em uma viagem pela Europa, com o objetivo de pedir mais armas e equipamentos militares para suas tropas.
Nesta segunda-feira, ele se reuniu em Chequers, a residência de campo dos primeiros-ministros britânicos (65 km ao noroeste de Londres) com o primeiro-ministro Rishi Sunak, a quem chamou de “amigo” em uma mensagem no Twitter.
No início da reunião, Zelensky agradeceu ao Reino Unido pelo apoio à Ucrânia desde a invasão russa de fevereiro de 2022. “Estamos agradecidos de todo coração. Em nome dos ucranianos, em nome dos nossos soldados, obrigado”, disse.
Na semana passada, o Reino Unido anunciou que fornecerá mísseis Storm Shadow, com alcance de 250 km, o tipo de armamento que a Ucrânia solicita há vários meses para ter condições de atacar alvos russos longe da linha de combate.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que as armas não terão maior impacto no conflito, mas “provocarão ainda mais destruição”.
No domingo, durante uma visita de Zelensky a Paris, a França se comprometeu a fornecer dezenas de tanques leves e veículos blindados adicionais à Ucrânia.
Zelensky fez uma escala na França depois de visitar a Itália, onde se reuniu com o papa Francisco e com a primeira-ministra Giorgia Meloni. Também viajou à Alemanha.
Em Berlim, o governo alemão anunciou um pacote de ajuda militar à Ucrânia de 2,7 bilhões de euros (2,9 bilhões de dólares, 14,2 bilhões de reais), que inclui dezenas de tanques, veículos blindados, drones de vigilância e quatro novos sistemas de defesa antiaérea Iris-T.
O emissário chinês Li Hui, representante especial do governo de Pequim para questões da Europa e Ásia e encarregado de discutir uma solução para a guerra na Ucrânia, visitará Kiev na terça-feira e quarta-feira, informou uma fonte do governo ucraniano à AFP.
Ele também visitará Polônia, França, Alemanha e Rússia, de acordo com Pequim.