Representante de acionistas privados no conselho de administração da Petrobras, o advogado Marcelo Gasparino defende uma coordenação afinada entre os minoritários para que busquem uma quinta cadeira inédita no colegiado da estatal. O órgão tem hoje 11 membros, sendo seis indicados pela União, quatro pelos acionistas minoritários e um pelos funcionários da companhia.

Ao Estadão/Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Gasparino disse que o objetivo seria uma “demonstração de coordenação e força do mercado”, num momento em que a governança da companhia está sendo novamente testada.

Na próxima assembleia de acionistas, em 25 de abril, Gasparino concorrerá à reeleição pelo voto múltiplo. “Na minha avaliação, dado que mais uma vez a estrutura de governança corporativa da companhia está sendo testada (pelas tentativas de interferência do governo), seria uma demonstração de coordenação e força do mercado. Poderia criar um novo momento de reconstrução da confiança entre o acionista controlador e seus sócios minoritários”, diz.

No entanto, a possibilidade de uma quinta cadeira para minoritários no conselho da Petrobras é vista com ceticismo por analistas e pessoas próximas do colegiado ouvidas pelo Estadão/Broadcast. Eles lembram que do lado dos minoritários a próxima eleição será mais acirrada, com mais candidatos do que vagas, o que dividiria os votos e limitaria sua capacidade de superar as indicações da União.

Eleger uma quinta cadeira, segundo uma pessoa que acompanha o processo, requer participação massiva de acionistas privados, inclusive dos estrangeiros, com grande coordenação entre eles, o que limitaria as chances. Um dos analistas ouvidos define a estratégia como “arriscada” e diz que, se falhar, o governo poderia até retomar uma das cadeiras que perdeu no passado.

Experiência

Diante desses argumentos, Gasparino foi direto: “Eles (os céticos) já indicaram algum candidato em assembleia?”, disse, para sublinhar sua experiência nesse tipo de eleição. Hoje, o advogado integra os colegiados da Eletrobras, Vale e Banco do Brasil. “Não é simples, mas é possível (emplacar a quinta cadeira). Depende do alinhamento dos acionistas minoritários”, diz.

Na eleição da AGO de 2022, o empresário Juca Abdalla e Gasparino, atuais conselheiros, obtiveram, juntos, 15,93 bilhões de votos. Repetindo esse total, uma ação coordenada com três candidatos poderia obter mais de 5,3 bilhões de votos para cada um, mais do os 5,2 milhões recebidos pela maior parte dos indicados pela União.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.