03/04/2024 - 18:15
O dólar à vista fechou a quarta-feira, 3, em queda ante o real, após dados do setor de serviços norte-americano e declarações do chair do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, reduzirem a pressão sobre o mercado de títulos futuros, tirando força da moeda norte-americana também no exterior.
O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,0418 na venda, em baixa de 0,34%. Já o Ibovespa caiu 0,18%, a 127.318,39 pontos. Veja cotações.
+ Petróleo fecha em alta e barril de Brent encosta na casa de US$ 90
Dólar encostou na casa de R$ 5,10
Na máxima da sessão, atingiu a cotação de R$ 5,0929 (+0,67%) às 10h56.
Pela manhã, o dólar demonstrava força ante o real e em relação a boa parte das demais divisas no exterior, em movimento que acompanhava a alta dos rendimentos dos Treasuries. Por trás disso estava a percepção, reforçada por alguns dados desta quarta-feira, de que o Fed poderá adiar para julho ou para depois disso o início do processo de cortes de juros.
No início da sessão, números do relatório da ADP mostraram que foram abertas 184.000 vagas de emprego no setor privado dos EUA no mês passado, após 155.000 vagas em fevereiro. Economistas consultados pela Reuters previam criação de 148.000 vagas no mês passado.
A direção da cotação começou a mudar às 11h, quando saíram os números do setor de serviços norte-americano do Instituto de Gestão do Fornecimento (ISM, na sigla em inglês). O Índice de Gerentes de Compras (PMI) não manufatureiro do ISM caiu de 52,6 em fevereiro para 51,4 em março, no segundo declínio mensal consecutivo do indicador.
Economistas consultados pela Reuters previam que o índice subiria para 52,7 em março. Uma leitura acima de 50 indica expansão do setor de serviços, que responde por mais de dois terços da economia dos EUA, mas os resultados indicam que houve desaceleração do crescimento de fevereiro para março.
Imediatamente após os números do ISM os yields perderam força nos EUA, o que também pesou sobre as cotações do dólar ante as demais moedas, incluindo o real.
Durante a tarde, a pressão baixista sobre o dólar continuou em meio a declarações de Powell. Em um evento universitário, ele demonstrou cautela em relação ao futuro da política monetária dos EUA. Além disso, pontuou que há riscos de se cortar os juros muito cedo, mas também de se esperar demais. Powell afirmou ainda que a política monetária está apertada e funcionando e que o mercado de trabalho está se reequilibrando.
“Na prática, Powell ainda sinaliza com a perspectiva de corte de juros em junho. Ele não descartou três cortes este ano, o que fez o dólar acelerar a queda depois do almoço”, pontuou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.
Declarações de Campos Neto
Pela manhã, o mercado monitorou ainda as declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, durante evento em São Paulo. Além de tratar da política monetária, ele afirmou que a intervenção cambial feita pela autoridade monetária nesta semana “não teve nada a ver” com o movimento do câmbio, que é flutuante.
“A nossa intervenção não teve nada a ver com o movimento do câmbio, a gente sempre diz que o câmbio é flutuante, é importante ser flutuante porque funciona como um elemento que absorve choques e redistribui os recursos de forma mais eficiente, mas a gente tinha uma NTN-A que ia vencer que achávamos que era grande e poderia ter alguma disfunção no dia”, afirmou.
Na terça-feira, o BC realizou um leilão extra de 20.000 contratos de swap cambial tradicional, no valor de 1 bilhão de dólares. A oferta extra de swaps, cujo efeito é equivalente à venda de dólares no mercado futuro, tinha como objetivo atender a demanda gerada pelo resgate do título NTN-A3, atrelado ao câmbio, previsto para 15 de abril.
Às 17h10, o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– caía 0,48%, a 104,270.