O dólar fechou a terça-feira,18, em leve alta ante o real, com investidores evitando mudar posições de forma radical antes da decisão desta quarta-feira, 19, do Copom sobre juros, enquanto no exterior a moeda norte-americana perdeu força após números abaixo do esperado do varejo dos Estados Unidos.

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O dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,4339 na venda, em alta de 0,22%. Esta é a maior cotação de fechamento desde 4 de janeiro de 2023 — início do governo Lula — quando encerrou a R$ 5,4513. Em junho, a divisa acumula elevação de 3,48%.

Às 17h05, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,13%, a R$ 5,4375 na venda.

A divisa dos EUA abriu o dia novamente em alta ante o real, dando continuidade ao movimento mais recente de aversão aos ativos brasileiros, em meio às preocupações com o equilíbrio fiscal, e influenciado pelo avanço do dólar também no exterior.

O cenário mudou ainda na primeira hora de negócios, com o dólar perdendo força no exterior e no Brasil após a divulgação de dados do varejo dos EUA. O Departamento de Comércio informou que as vendas no varejo norte-americano aumentaram 0,1% no mês passado, após uma queda revisada para baixo de 0,2% em abril. Economistas consultados pela Reuters previam que as vendas no varejo aumentariam 0,3% em maio.

Neste cenário, após registrar a cotação mínima de R$ 5,4436 (+0,40%) às 9h, na abertura da sessão, o dólar à vista atingiu a mínima de R$ 5,3926 (-0,54%) às 11h03, já após os dados do varejo.

No restante do dia, porém, a moeda norte-americana se manteve próxima da estabilidade, até reacelerar um pouco antes do fechamento, com investidores à espera da decisão de quarta-feira do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. As apostas majoritárias no mercado de renda fixa são de manutenção da taxa básica Selic em 10,50% ao ano.

No exterior, às 17h12, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,02%, a 105,250.

Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de agosto.

Ibovespa

O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira, sustentado principalmente pelas ações da Petrobras, após acordo tributário da companhia que agradou analistas e com avanço dos preços do petróleo no exterior.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,41%, a 119.630,44 pontos, após renovar mínima do ano no último pregão. Na máxima do dia, chegou a 120.108,98 pontos. Na mínima, marcou 118.872,22 pontos.

O volume financeiro somou apenas R$ 18,5 bilhões.

Em Wall Street, o S&P 500 encerrou com um acréscimo de 0,25%, em dia de variações modestas em Nova York, enquanto o rendimento do título de 10 anos do Tesouro dos Estados Unidos recuava a 4,2169% no final da tarde, de 4,279% na véspera.

Na visão do analista Alex Carvalho, da CM Capital, a bolsa paulista teve uma “tentativa de estabilização” da queda em 2024, de mais de 11% até a véspera, favorecida pelo viés positivo no exterior, com alta do minério de ferro e do petróleo.

Ele ressaltou, contudo, que o cenário permanece de queda no curto prazo e ressaltou que as atenções na quarta-feira devem se voltar para a decisão de política monetária do Banco Central brasileiro, prevista para após o fechamento do mercado.

Pesquisa da Reuters entre 10 e 13 de junho com 40 economistas mostrou que a maioria (34) espera manutenção da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Os outros 6 veem um corte de 0,25 ponto percentual, para 10,25%.

Na expectativa da decisão do Copom, investidores também analisaram declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que acusou o titular do BC, Roberto Campos Neto, de trabalhar “muito mais para prejudicar o país do que para ajudar”.

Campos Neto ocupa o cargo até o fim do ano e há receios no mercado sobre o sucessor. “O mercado tem dúvidas sobre qual será a postura do novo BC frente a eventuais pressões políticas e desancoragem das expectativas de inflação”, ponderou um gestor.

Destaques

– PETROBRAS PN subiu 3,13%, após anunciar que aderiu a um acordo para encerrar disputa judicial envolvendo dívidas tributárias relacionadas a contratos de afretamento de embarcações, o que terá um impacto de 11,9 bilhões de reais no lucro líquido do segundo trimestre. “Embora o impacto do acordo seja marginalmente negativo para os dividendos da Petrobras no curtíssimo prazo, acreditamos que o anúncio será bem recebido pelos investidores”, afirmaram analistas do BTG Pactual, destacando que o acordo implica desembolsos inferiores aos especulados pelo mercado nos últimos meses. No exterior, o barril de Brent fechou em alta de 1,28%.

– CSN ON disparou 9,07%, após a maioria dos ministros da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidir que a Ternium deve pagar cerca de 5 bilhões de reais à companhia referente a um pleito da CSN de direito a “tag along” em função da alienação de controle da Usiminas para a Ternium. Na máxima da sessão, a CSN saltou quase 13%. A Ternium afirmou que irá recorrer da decisão. USIMINAS PNA valorizou-se 1,83%.

– SABESP ON recuou 2,97%, com ruídos envolvendo a oferta de ações que irá privatizar a empresa de saneamento básico do Estado de São Paulo, incluindo notícias sobre a desistência de potenciais interessados por descontentamento com algumas regras envolvendo a participação na operação. Os papéis fecharam o dia a 72,11 reais, distante das máximas do ano, que foram recordes, chegando a 84,14 reais em março.

– VALE ON avançou 0,46%, com os futuros do minério de ferro fechando em alta na China, embora abaixo da máxima da sessão, em meio à realização de lucros após rumores de mercado sobre um controle da produção de aço na província de Fujian, no sul daquele país. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) encerrou as negociações com alta de 0,24%, a 820,5 iuanes (113,08 dólares) a tonelada, após chegar a 840 iuanes por tonelada na máxima do dia.

– EMBRAER ON caiu 2,34%, mesmo após declarações positivas do CEO da companhia, de que a fabricante brasileira de aeronaves está confiante em atingir sua meta de produção deste ano de 72 a 80 aeronaves comerciais, enquanto prevê que pode entregar até 90 de seus E-Jets às companhias aéreas no próximo ano. Ele destacou que espera que o Farnborough Airshow deste ano, no próximo mês, seja “o melhor de todos os tempos” para a empresa.

– ITAÚ UNIBANCO PN terminou com decréscimo de 0,06%, enquanto BRADESCO PN perdeu 2,01%.

Expectativa sobre Selic

Conforme profissionais ouvidos pela Reuters, mais do que a decisão em si, o mercado quer saber como serão os votos dos nove integrantes do Copom.

Caso a decisão seja novamente dividida — como no encontro anterior, em maio — a expectativa é de nova pressão de alta para o dólar, em função dos receios de que, com a saída de Roberto Campos Neto da presidência do BC no fim de 2024, a instituição se torne mais tolerante com a inflação.

“As incertezas fiscais e as incertezas em relação ao BC estão prejudicando muito os preços de ativos financeiros. Inclusive, a moeda brasileira se desvaloriza mais do que a própria moeda argentina, sendo que a situação da economia argentina é infinitamente pior que a brasileira”, pontuou pela manhã Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, em comentário enviado a clientes.

“Enquanto não vier uma luz da equação fiscal, sobre como o governo vai cumprir o arcabouço sem ficar apenas pressionando a arrecadação tributária, e sem uma luz sobre o que será o novo BC, quem será o presidente e qual será a linha que vai ser seguida, o mercado segue com esta incerteza”, acrescentou.

Em meio à expectativa pelo Copom, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou pela manhã as críticas ao presidente do BC, Roberto Campos Neto, acusando-o de trabalhar para prejudicar o Brasil.

“O presidente do Banco Central não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, tem lado político e, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar”, disse.