15/07/2024 - 17:20
O dólar à vista fechou nesta segunda-feira, 15, em alta ante o real, acompanhando o avanço da moeda norte-americana ante outras divisas de emergentes e exportadores de commodities no exterior, após o atentado contra o ex-presidente Donald Trump elevar as apostas de que ele vencerá as eleições nos EUA em novembro.
O dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,4448 na venda, em alta de 0,26%. Em julho, no entanto, a divisa acumula baixa de 2,61%. Veja cotações
Às 17h03, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,14%, a R$ 5,4510 na venda.
O Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira, 15, estendendo os ganhos para uma décima primeira sessão consecutiva, favorecido pela alta nos pregões em Wall Street e avanço de exportadoras.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa encerrou com alta de 0,33%, a 129.320,96 pontos, após chegar a 129.485,44 pontos no melhor momento e a 128.723,20 pontos na mínima do dia.
A sequência de 11 altas iguala a série de ganhos apurada entre o fim de 2017 e o início de 2018. No ano, contudo, o índice ainda acumula queda de mais de 3%. O volume financeiro somava R$ 15,3 bilhões.
O dólar no dia
Desde cedo os mercados globais repercutiam a tentativa de assassinato contra Trump no sábado, quando o republicano foi atingido de raspão na orelha direita por um disparo de arma de fogo.
Uma das avaliações no mercado era de que a vitória do republicano — mais provável após o atentado — significará afrouxamento da regulamentação de empresas e menos impostos. Isso impactou positivamente as ações em Nova York e deu força ao dólar ante moedas de emergentes e exportadores de commodities.
“O atentado ao presidenciável Donald Trump (Partido Republicado) foi o principal evento que refletiu a valorização do dólar diante de praticamente todas as moedas”, disse à tarde o economista André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, em comentário enviado a clientes.
“Já no Brasil o mercado ainda permanece reticente com relação ao fiscal, o que também contribui para a busca por ativos mais seguros (dólar)”, acrescentou.
Na renda fixa, a abertura firme das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) nesta segunda-feira também foi atribuída ao atentado contra Trump e à cautela dos investidores em relação à capacidade do governo Lula de equilibrar as contas públicas.
No mercado de moedas, chamou atenção ainda a divulgação de dados abaixo do esperado da economia chinesa. O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 4,7% entre abril e junho na comparação com o mesmo período do ano anterior, abaixo da previsão de 5,1% em pesquisa da Reuters. Já as vendas no varejo cresceram 2,0% em junho ante o mesmo mês do ano anterior, abaixo da expectativa de alta de 3,3%. A China é um dos principais compradores de commodities no mundo.
Neste cenário, o dólar se manteve em alta ante divisas pares do real como o rand sul-africano, o peso mexicano e o peso chileno.
No Brasil, após registrar a cotação mínima de R$ 5,4298 (-0,02%) às 9h00, o dólar à vista atingiu a máxima de R$ 5,4778 (+0,87%) às 9h52.
No início da tarde, o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, falou em evento do Clube Econômico de Washington, D.C. Além de lamentar o atentado contra Trump no fim de semana, Powell disse que o compromisso do Fed é tomar decisões sobre juros com base em dados, e não na política.
Ele também disse que as três leituras de inflação dos EUA no segundo trimestre deste ano “aumentam um pouco a confiança” de que o ritmo de alta dos preços está voltando para a meta do Fed de forma sustentável.
O dólar chegou a se reaproximar da estabilidade no início da fala de Powell, mas posteriormente retomou a alta ante o real.
No fim da tarde, o dólar caía ante uma cesta de moedas fortes, enquanto seguia em alta ante as divisas de emergentes. Às 17h20, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,06%, a 104,230.
Pela manhã, o Banco Central vendeu todos os 12 mil contratos de swap cambial tradicional em leilão para fins de rolagem do vencimento de 2 de setembro de 2024.
O dia do Ibovespa
Em Nova York, os principais índices encerraram em alta, com maiores apostas em uma volta do republicano Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos aumentando as esperanças de um ambiente regulatório mais flexível, após o ex-presidente sobreviver a uma tentativa de assassinato no final de semana.
As expectativas de corte de juros pelo Federal Reserve já em setembro também sustentaram os indicadores no azul. O chair do Fed, Jerome Powell, afirmou nesta segunda-feira que as três leituras de inflação norte-americana no segundo trimestre deste ano mostraram que “mais progresso” está sendo feito para trazer o ritmo de aumento de preços nos EUA de volta à meta do Fed.
Para Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, a fala de Powell “impulsionou os ativos nos EUA e teve reflexos positivos também no mercado brasileiro”, além de ter ajudado a “retirar um pouco da pressão inicial dos Treasuries”. O retorno do título de 10 anos marcava 4,227% no final da tarde, de 4,1870% na véspera.
No Brasil, pesquisa Focus do Banco Central trouxe uma redução na expectativa para inflação este ano, mas as projeções para os preços ao fim de 2025 e para a taxa de câmbio no término de 2024 voltaram a subir.
Destaques
– SUZANO ON valorizou-se 3,63%, com apoio da alta do dólar ante o real e após o anúncio, na sexta-feira, de sua entrada no mercado norte-americano de embalagens para consumo com a aquisição de duas fábricas nos Estados Unidos por 110 milhões de dólares. A companhia tende a se beneficiar da valorização do dólar devido à participação relevante de exportações em suas receitas, assim como outras exportadoras.
– VALE ON fechou com acréscimo de 0,11%, em sessão positiva para os futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) encerrou as negociações do dia com alta de 1,03%, a 834 iuanes (114,83 dólares) a tonelada. A mineradora divulga na terça-feira relatório de produção e vendas do segundo trimestre.
– PETROBRAS PN subiu 0,92%, apesar de queda nos preços do petróleo no exterior, com o barril de Brent, usado como referência pela estatal, encerrando com recuo de 0,21%, a 84,85 dólares. A companhia divulgou nesta segunda-feira volume recorde de 990 mil metros cúbicos de produção de diesel S10 na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão (SP), no segundo trimestre deste ano.
– EMBRAER ON avançou 1,69%, acumulando alta de mais de 13% no mês. O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou nesta segunda-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar um financiamento do BNDES à Embraer até o fim desta semana.
– EZTEC ON subiu 3,84%, após apurar crescimento de 21,2% nas vendas líquidas do segundo trimestre na comparação com o mesmo período do ano anterior. No setor, MRV&CO ON avançou 2,59% e CYRELA ON fechou em alta de 1,43%. O índice do setor imobiliário na B3 ganhou 0,79%.
– ITAÚ UNIBANCO PN subiu 0,39%, BANCO DO BRASIL ON teve acréscimo de 0,45%, BRADESCO PN caiu 0,24% e SANTANDER BRASIL UNIT recuou 0,25%.
– SABESP ON caiu 1,78%, no último dia do período para reserva das ações da companhia paulista de saneamento básico antes de sua privatização. A precificação está agendada para quinta-feira. EQUATORIAL ON, única a formalizar proposta pela Sabesp, encerrou com declínio de 1,23%.
– AMERICANAS ON, que não faz parte do Ibovespa, afundou 10,14%. Na sexta-feira, a empresa informou que o acionista Inácio de Barros Melo Neto atingiu uma posição equivalente a 12,52% do total de ações ordinárias da varejista.