“Falo com pessoas do bem”, assim o fundador da Cyrela, Elie Horn, conta como começou sua jornada para criar o Think Tank do Bem, que foi lançado na última terça-feira, 8, em São Paulo, e que reúne figuras da política, economia e negócios do país.

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A proposta do Think Tank é tão simples quanto desafiadora: fazer o bem juntos. “É uma elite de pessoas no sentido financeiro, cultural, intelectual etc. E quando essas pessoas, que são voluntárias, se reúnem para fazer o bem, aí, nasce mais bem”, relatou Horn em entrevista ao site IstoÉ Dinheiro.

A ideia é que o Think Tank possa criar e desenvolver ideias no Brasil para melhorar o país, disse ele, que fez questão de ressaltar: “mas sem política, não tem política”. As áreas de atuação serão as mais variadas, como saúde, educação, clima, violência ou abuso contra menores, por exemplo.

Segundo Horn, o maior desafio para se fazer o bem é “acordar as pessoas”. Ele acredita que todos temos um bem interior, mas é preciso se conscientizar disso, “mas leva tempo”. Ele diz que a mídia tem papel fundamental para a espalhar o bem. “Se a mídia for conivente com o bem e ajudar divulgar o bem, teremos um país melhor”.

O empresário se considera “um positivo por natureza” e diz acreditar que “Se você trabalha, você produz. Pode ser ganhar mais ou menos, mas se ganha”.

Ele relata também que houve “zero” resistência das pessoas a quem ele recorreu para formar o Think Tank. “Devo ter ligado para umas 50 pessoas, 25 aceitaram. O índice é maravilhoso”, avalia.

O Think Tank se propõe a debater e reunir ideias, incluindo as que já estão em ação, para potencializar as soluções com foco em fazer o bem, melhorando a vida de pessoas e comunidades. “O objetivo é ir além dos debates, transformando discussões em ações práticas que proporcionem soluções efetivas e criem um legado duradouro de transformação social”, disse Alexandre Cruz, sócio da Jive Investments, durante o lançamento do Think Tank.

Os conselheiros do Think Tank do Bem são:

● Sr. Elie Horn, fundador da Cyrela
● Alexandre Cruz, sócio da Jive Investments
● Amanda Klabin, sócia da Klabin Irmãos SA
● Ana Amélia, consultora de Relações Institucionais e ex-senadora
● Angela Almeida, gestora do Instituto Humanitas 360
● Antonio Quintella, presidente da Canvas Capital
● Aron Zylberman, diretor-executivo do Instituto Cyrela
● Basilio Jafet, vice-presidente do Secovi-SP
● Beatriz Bellandi, executiva da Maringá Turismo
● Bianca Grechi, gestora da Canvas Capital
● Celia Parnes, ex-secretária estadual de Desenvolvimento Social de São Paulo
● Celso Loducca, publicitário e fundador do VentreStudio
● Claudio Lottenberg, presidente do Conselho do Hospital Albert Einstein
● Eduardo Alcalay, presidente do Bank of America Brasil
● Ellen Gracie, ex-ministra do Supremo Tribunal Federal
● Fabio Barbosa, CEO da Natura&Co
● Flavio Rocha, presidente da Riachuelo
● Guilherme Benchimol, fundador e presidente do Conselho de Administração da XP Inc.
● Helen Russo, diretora da XP Investimentos
● Heloisa Morato, diretora da Coruja Capital
● Ingrid Baumann, sócia da Jive Investments
● José Galló, fundador da Quartz Investimentos
● Lilian Ishisato dos Santos, executiva da Ânima Educação
● Luiz Fernando Figueiredo, chairman da JiveMaua Investments e presidente do Instituto Fefig
● Marcelo Khayath, sócio da QMS Capital
● Marcos Arbaitman, presidente da Maringá Turismo
● Mario Fleck, sócio da AcNext Capital
● Patrícia Villela, presidente do Instituto Humanitas360 e conselheira de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável
● Priscila Cruz, presidente do Todos Pela Educação
● Renata Moura, sócia da Integration Consulting, conselheira do Instituto Akatu e Membro da PWN (Professional Women’s Network)
● Rodrigo Hübner Mendes, CEO do Instituto Rodrigo Mendes
● Sidney Klajner, presidente do Hospital Albert Einstein
● Sonia Hess, ex-presidente da Dudalina

Vale destacar que o apoio dos participantes é pessoal, sem conexão direta com as empresas em que atuam, e trata-se de uma contribuição voluntária de tempo e ideias, sem envolvimento financeiro.

Melissa Binder/Divulgação

“O Think Tank do Bem não tem a audácia em definir o que é o bem. Porém as ideias estruturantes e pequenas ações que podem contagiar os outros. Nossa missão é ampliar a cultura de fazer o bem por meio da disseminação de ideias e iniciativas que favoreçam a sociedade. Não vamos inventar a roda. Tem muita iniciativa e ideias e ONGs muito boas. Temos um compromisso intelectual com as ideia, divulgá-las e fazer com que sejam implementadas”, explica Alexandre Cruz.

Segundo Alexandre, o Think Tank se propõe a ser um catalisador de ideias e iniciativas. “O papel desse grupo é levar ideias e iniciativas a setores mais capazes de implementar, com mais ferramental, para ampliar iniciativas, muito boas, que já existem”. Até o final do ano, ele diz, divulgarão os projetos e ideias e as metas de como atingir resultados.

Alexandre contou ainda que uma das metas também é aumentar a cultura de doação do país, e que ela seja mais permanente. “A ideia é dobrar o volume de doação que o Brasil tem, acho que hoje está 0,2% do PIB em volume doado. Queremos mais que dobrar isso”.

Doação de fortuna e vida registrada em livro

Em 2025, Elie Horn vai completar dez anos na lista dos super-ricos que prometeram doar parte de sua fortuna ainda em vida. Foi em 2015 que Elie Horn e sua esposa, Suzy, entraram na lista do projeto The Giving Pledge, programa criado em 2010 por Bill Gates (Microsoft) e Warren Buffett (Berkshire Hathaway) para estimular bilionários a doar ao menos metade de suas fortunas ainda em vida para causas beneficentes.

Com o compromisso de direcionar 60% de seus recursos para doações, Elie e Suzy foram os primeiros brasileiros a entrar na lista. Mais tarde, em 2021, foi a vez de David Vélez, fundador do Nubank, ao lado de sua esposa, Mariel Reyes.

Em julho Ele Horn, prestes a completar 80 anos, lançou o livro “Tijolos do Bem”, pela editora Sêfer. A obra narra a trajetória de sua vida, e tem como principal objetivo incentivar os leitores a praticar a doação para os necessitados.

“Neste livro não veremos simplesmente a história de um empresário de sucesso. Aqui estão descritos o sentir e o pensar desse homem, uma pessoa dedicada à filantropia”, escreve Roberto Setúbal, do Itaú, no prefácio.

O livro foi escrito por Sarita Mucinic Sarue, colega da comunidade judaica, a partir de mais de uma centena de depoimentos e reflexões colhidas em conversas com Horn ao longo dos últimos quatro anos.

Sim para a taxação de grandes fortunas e distribuição de renda

Em uma entrevista passada, Elie Horn disse que é a favor da taxação das grandes fortunas, desde que esse dinheiro recolhido vá diretamente para os pobres e que não seja “mal gasto”. Mas o que seria, para ele, dinheiro mal gasto? A resposta: ineficiência.

Questionado sobre os programas sociais com foco em distribuição de renda, Elie avalia que “toda ideia que ajude a melhorar o nível social dos pobres é boa. Desde que o dinheiro ‘vá lá’ e não seja desperdiçado no meio do caminho”.

Já um projeto de renda mínima, por exemplo, ele acredita que precisa de uma política econômica certa. “Para ter dinheiro para distribuir, precisa ter políticas certas, econômicas. E no Brasil, nem sempre a gente acerta. É preciso também ter sequência. Tanto política como em ações de saúde e educação basicamente.”