17/10/2024 - 11:21
A produtividade do trabalho da indústria de transformação brasileira permaneceu praticamente estável no segundo trimestre de 2024, variando -0,3% em relação ao primeiro trimestre, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O resultado ocorre após a queda de 1,4% no primeiro trimestre do ano, período em que foi interrompida a tendência de alta registrada desde o segundo trimestre de 2023.
O indicador de produtividade na indústria é calculado como a razão entre o volume produzido e as horas trabalhadas na produção. O resultado do segundo trimestre do ano se deu por aumento de 0,9% na produção e de 1,3% nas horas trabalhadas, segundo a entidade.
“Esse comportamento reflete a acomodação das horas trabalhadas, que cresceu a um ritmo menor que o apresentado no primeiro trimestre do ano, acompanhada de manutenção do ritmo de alta da produção”, explica a gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Cunha, em nota à imprensa.
O levantamento mostra ainda que a demanda interna por bens manufaturados tem crescido nos últimos três trimestres, o que indica que há espaço para a produção industrial nacional seguir em alta. Além disso, em meio à contratação de novos trabalhadores, a expectativa é de que haja crescimento do produto por trabalhador, resultando na melhoria do indicador de produtividade.
O estudo aponta que há também sinais de recuperação do indicador quando a produtividade é medida pelo número de trabalhadores. Neste caso, a produtividade do trabalho cresceu 0,4%, no segundo trimestre do ano, ante ao trimestre anterior. De acordo com a CNI, é o melhor resultado do indicador desde o segundo trimestre de 2022.
Na avaliação da entidade, as medidas anunciadas pelo governo federal são importantes para uma trajetória sustentada de crescimento, já que cria condições para as empresas investirem na modernização industrial.
“É o caso das linhas de financiamento do eixo Indústria Mais Produtiva do Plano Mais Produção, do programa Brasil Mais Produtivo, no âmbito do plano Nova Indústria Brasil, e a recém regulada Lei de Depreciação Acelerada. Também concorre para o sucesso dessas medidas a garantia de um ambiente de negócios favorável ao investimento”, diz Samantha.
A entidade cita que a indústria teve dificuldade de elevar a produção ao longo do ano por conta da baixa demanda por bens manufaturados, que caiu 1,7% em 2023. A demanda interna insuficiente foi um dos principais problemas enfrentados pela indústria ao longo do ano passado, de acordo com a Sondagem Industrial da CNI. Essa é uma das questões apontadas pelos empresários industriais desde o quarto trimestre de 2022, impactando cerca de 30% das empresas.
De 2013 a 2023, a produtividade acumulou queda de 1,2%, com redução de 16,5% nas horas trabalhadas e de 17,4% no volume produzido. Na primeira metade da década até 2018, a produtividade acumulou um crescimento de 7,1%, ganho mitigado pela queda de 7,8% observada na segunda metade da década.
“A demanda retraída e as elevadas taxas de juros foram entraves para o aumento do investimento. Para a CNI, a retomada desse investimento é fator-chave para a produtividade seguir uma trajetória de crescimento de forma mais acelerada e sustentada”, diz a nota.