15/01/2025 - 7:30
Era 2007, no Paraná, mais especificamente em Maringá, cidade a mais 420 km de Curitiba, quando Steph Gomides e Igor Remigio decidiram criar um site de pedidos de delivery. Período no qual o único canal para fazer um pedido de comida era o telefone. Era o início do Aiqfome. Corta para 2025. O cenário ainda é longe da capital do estado, ou melhor, das capitais. Isso porque, depois de quase duas décadas, a plataforma opera em outras 700 cidades do interior do Brasil. São 22 estados, mais de 2 milhões de pedidos por mês, 30 mil lojas parceiras, 1,5 mil entregadores cadastrados e cerca de 300 licenciados.
Para isso, o negócio se desenvolveu longe dos grandes centros, expandiu-se pelo modelo de microfranquias, lançou sua versão mobile e foi adquirido, em 2020, pelo Grupo Magalu, dono de marcas como Magazine Luiza, Netshoes e Kabum. Assim, a empresa de Steph e Igor saltou de um faturamento de R$ 77 milhões em 2019 para R$ 600 milhões em 2020, primeiro ano sob o guarda-chuva do Magalu. Na última projeção, feita em novembro, o Aiqfome estimava receita de R$ 2,3 bilhões em 2024, quase o dobro do resultado de R$ 1,2 bilhão em 2023. “O interior ainda tem muito potencial. A meta é chegar a mil cidades em dois anos, e depois, eventualmente, partir para as capitais”, disse à DINHEIRO Igor Remigio, cofundador e CEO do Aiqfome.
Enquanto outras plataformas, como o iFood, que tem mais de 80% de market share e está presente em 1,7 mil cidades, se consolidaram principalmente nas grandes capitais, o Aiqfome focou na hiperlocalidade em cidades do interior do País, com a ajuda de parceiros locais. Embora tenham estratégias distintas, o Aiqfome é o segundo maior aplicativo de delivery do Brasil, atrás somente do iFood, e seguido pela colombiana Rappi, em terceira posição, que está presente em cerca de 100 municípios brasileiros. “É muito mais complexo tracionar um negócios em municípios de 15 mil a 400 mil habitantes, como é o nosso caso. Só foi possível ao lado dos empreendedores locais”, afirmou o executivo.
Sendo assim, o ponto de virada ocorreu em 2012, quando a empresa criou um modelo de microfranquias para agilizar a expansão pelo interior. No centro do modelo: os empreendedores locais. “Criamos o sistema de licenciamento, onde os franqueados cuidavam das operações em suas regiões”, disse Remigio.
Além disso, com o avanço da tecnologia, o Aiqfome ganhou um upgrade para uma versão mobile, em 2014. Isso, somado à expansão por franquias, foi o necessário para a companhia ganhar tração. Já no segundo ano do aplicativo, em 2015, foram registrados 75 mil pedidos.
AQUISIÇÃO
A empresa já tinha atraído o interesse de outros players mesmo antes dos resultados com a expansão por microfranquias.
● O iFood ofereceu propostas para o Aiqfome entre os anos de 2013 e 2018, com interesse de adquirir a companhia paranaense.
● Segundo o Aiqfome, houve incompatibilidade de objetivos e atuação de mercado para fechar o negócio.
● Já a proposta do Magalu, negociada em 2020, respeitava as condições de hiperlocalidade e licenciamento.
● A partir disso, o aplicativo apresentou um salto exponencial entre os anos de 2020 e 2023, quando os pedidos tiveram um aumento de 53% e foram incluídos serviços de entrega além da comida, como farmácia e mercado.
Depois de explorar o interior, é a vez do Aiqfome aumentar o apetite e chegar às capitais, onde o desafio consiste em enfrentar a concorrência já consolidada nos grandes centros. Segundo estudo da plataforma PiniOn, especializada em tendências e comportamentos digitais, o Brasil conta com mais de 250 plataformas de delivery registradas. Para fazer frente, a empresa deve apostar no modelo “ganha-ganha”: tenta repassar taxas menores para lojistas e preços mais atrativos para consumidores. E ganha-ganha também para o Magalu.
A vertical food do grupo é importante para ampliar frentes de negócios e reforçar o superaplicativo Magalu. Dessa forma, o Magalu quer aumentar o apetite com o delivery, enquanto o delivery tem sede para explorar todo o interior do País e se tornar conhecida em São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais.