O dólar à vista passou a operar em leve baixa ante o real nesta quinta-feira, 6, devolvendo os ganhos de mais cedo, uma vez que os investidores pareciam atentos aos fluxos vistos nos mercados globais para direcionar o preço da moeda norte-americana no Brasil em meio à falta de notícias relevantes e de impulsionadores no pregão.

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Às 12h55, o dólar à vista caía 0,31%, a R$5,7802 na venda. Veja cotações.

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha baixa de 0,40%, a R$5,798 na venda.

O Ibovespa avançava nesta quinta-feira, tendo as ações da Vale entre os principais suportes, acompanhando a alta do minério de ferro na China, enquanto Itaú também estava sob os holofotes, após resultado sólido, mas previsões para 2025 consideradas conservadoras por analistas

Por volta de 13h00, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, inverteu o sinal e passou a recuar 0,04%, a 125.486,50 pontos, tendo marcado 126.243,14 pontos na máxima e 125.249,04 pontos na mínima até o momento. O volume financeiro somava 4,55 bilhões de reais.

Cenário externo

Os investidores voltavam suas atenções para o cenário externo nesta sessão, onde, apesar de ganhar sobre seus pares fortes, a divisa norte-americana perdia ou rondava a estabilidade frente a moedas emergentes, o que parecia moldar seu desempenho no mercado brasileiro.

Em favor dos países emergentes estava a alta dos preços do petróleo e uma contínua percepção de que as ameaças tarifárias do presidente dos EUA, Donald Trump, são mais uma tática de negociação para atender a interesses norte-americanos do que uma preocupação real.

Com isso, o dólar recuava ante o peso colombiano e o peso chileno e rondava a estabilidade frente ao peso mexicano.

O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas –, por outro lado, subia 0,23%, a 107,900.

“Os movimentos de hoje parecem ser impulsionados mais por fluxos do que por notícias, visto que as últimas, na verdade, são consistentes com o fortalecimento do dólar”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.

Moutinho se referiu a declarações do secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que disse na véspera que o governo não vai pedir ao Federal Reserve que reduza a taxa de juros, como havia sido prometido por Trump na primeira semana do mandato.

O comentário ajudava a elevar os rendimentos dos Treasuries, o que, normalmente, favorece o dólar de forma ampla.

No entanto, ainda há cautela em relação ao recente conflito comercial entre EUA e China, uma vez que Trump impôs uma tarifa de 10% sobre os produtos chineses, o que gerou retaliação por Pequim, com um acordo — como Trump obteve com México e Canadá — ainda parecendo distante.

Mais cedo, quando o dólar avançava sobre seus pares emergentes, o real foi pressionado, com a moeda norte-americana atingindo a máxima do dia de R$5,8239 (+0,52%), às 9h14.

No cenário doméstico, vale destacar também a forte desvalorização do dólar ante o real neste ano por conta do que alguns analistas apontam como níveis exagerados que a moeda dos EUA atingiu no ano passado, na esteira de temores com o cenário fiscal brasileiro.

Apesar da alta da véspera, que interrompeu uma sequência de doze sessões consecutivas de perdas para a divisa dos EUA, o dólar ainda acumula baixa de mais de 6% frente ao real em 2025.

As atenções dos investidores se voltarão em breve para o relatório de emprego de janeiro dos EUA, a ser divulgado na sexta-feira.

Mercado de ações

Em Nova York, investidores avaliavam balanços de empresas como a Honeywell enquanto os mercados aguardam a próxima ação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre restrições comerciais e outras políticas federais. O S&P 500 registrava acréscimo de 0,26%.

 

DESTAQUES

– VALE ON avançava 1,75%, endossada pela alta dos futuros de minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian (DCE) encerrou as negociações do dia com acréscimo de 1,43%, a 817,5 iuanes (US$112,22) a tonelada. No setor, CSN MINERAÇÃO ON subia 3,05%.

– PETROBRAS PN subia 0,35%, favorecida pela alta dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent tinha elevação de 0,55%.

– AZUL PN valorizava-se 5%, experimentando uma recuperação após despencar quase 9% na véspera, quando reagiu à aprovação pelo conselho de administração da companhia de aumento de capital de entre 1,5 bilhão e 6,1 bilhões de reais mediante emissão de novas ações para entrega a credores da empresa, o que deve provocar a diluição de acionistas.

– MAGAZINE LUIZA ON subia 5,38%, em dia de ajustes após recuar cerca de 5% na véspera, em sessão mais positiva para ações de empresas sensíveis à economia doméstica, com o índice do setor de consumo em alta de 0,72% e o do setor imobiliário avançando 0,98%.

– ITAÚ UNIBANCO PN recuava 0,26%, afastando-se das mínimas da abertura, após reportar na véspera resultado trimestral considerado sólido por analistas e anunciar R$18 bilhões em remuneração adicional a acionistas. Analistas, porém, consideraram as previsões do banco para o ano conservadoras. O presidente afirmou que o banco está bastante confortável com a projeção, mas acrescentou que, se o cenário mudar para melhor, o Itaú tem uma capacidade de acelerar e reagir muito grande.

– BRADESCO PN ganhava 1,3%, com o balanço previsto para a sexta-feira, antes da abertura da bolsa. Ainda no setor, SANTANDER BRASIL UNIT caía 0,7%, refletindo ajustes após desempenho robusto na véspera após divulgar lucro acima do esperado. BANCO DO BRASIL ON, que reporta resultado no próximo dia 19, cedia 0,22%.

– EMBRAER ON caía 2,55% depois de disparar na véspera, renovando máximas históricas, embalada pela encomenda recorde feita por uma companhia norte-americana.

– RAÍZEN PN recuava 1,18%, voltando a renovar mínimas históricas, em meio a preocupações sobre os resultados da companhia no quarto trimestre. Analistas do Citi atualizaram o modelo da companhia, cortando estimativas e reduzindo o preço-alvo para 3,50 reais, de 4,50 reais anteriormente. A recomendação de compra, porém, foi mantida.