11/02/2025 - 10:09
A GE Vernova fechará a fábrica de pás eólicas da LM Wind Power em Suape (PE) devido à queda da demanda no mercado latino-americano, em medida que impactará 1.000 funcionários, em novo desdobramento da crise da indústria eólica nacional.
+Suspensão de liminar para ressarcir ‘curtailment’ afasta investimentos, avalia Abeeólica
“Esta foi uma decisão difícil, e estamos totalmente comprometidos em apoiar nossos funcionários impactados e faremos tudo o que pudermos para fornecer a eles benefícios abrangentes de rescisão e transição”, disse um porta-voz da LM Wind Power, em nota.
Entre as medidas de apoio aos afetados, a empresa citou pagamento de indenização, continuação dos benefícios por um período definido, serviços de transição de carreira e apoio à recolocação.
O fechamento expõe a situação difícil enfrentada pela cadeia de energia eólica no Brasil nos últimos anos, com desaceleração do crescimento da fonte renovável em função do cenário de sobreoferta de energia no país e maior concorrência com projetos de energia solar fotovoltaica.
A instalação de novas usinas eólicas no país caiu mais de 30% em 2024, para 3,3 gigawatts (GW) de potência. A expectativa é de que a conjuntura desfavorável perdure até 2026, com retomada a partir de 2027, na avaliação da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).
A demanda baixa para novos empreendimentos eólicos nos últimos dois anos vêm afetando a cadeia de fornecedores, que passaram a ter dificuldades para manter suas operações sem ter um fluxo constante de encomendas.
A GE anunciou em 2022 que suspenderia a produção de novas turbinas eólicas no Brasil. No ano seguinte, a Siemens Gamesa também paralisou sua fábrica de aerogeradores na Bahia.
A situação estimulou um movimento de importação de turbinas eólicas para atender a encomendas locais, o que gerou insatisfação de empresas que permaneceram em atividade no Brasil, como a dinamarquesa Vestas.
O fechamento das fábricas nacionais de turbinas também levou a uma crise na brasileira Aeris Energy, empresa fundada pela família Negrão que é concorrente da LM Wind Power na fabricação de pás eólicas.
Com apenas um cliente na carteira, a Aeris acertou acordo de suspensão de cobranças (“standstill”) com credores e busca maneiras de reestruturar suas dívidas.