O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta terça, 18, que não houve decisão sobre a retomada das obras de Angra 3 em reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). O ministro da Casa Civil, Rui Costa, pediu o adiamento da liberação.

Silveira declarou que defendeu a continuidade das obras, mas condicionada à reestruturação da governança da Eletronuclear. Ele afirmou ainda que a decisão pode ficar para a próxima reunião do conselho, ou retornar à pauta do CNPE “a qualquer momento”.

A 1.ª reunião extraordinária no ano do conselho – composto por 17 ministros – começou às 9h, no Ministério de Minas e Energia (MME). O encontro foi presidido por Silveira.

Pela última revisão, a estimativa de preço de tarifa de Angra 3 foi atualizada de R$ 653,31 para R$ 640 por megawatt-hora, após adaptações de estudo do BNDES sobre a viabilidade técnica da terceira usina nuclear brasileira.

A Eletronuclear entende que esse patamar pode ser reduzido para “um pouco” abaixo de R$ 600 por MWh. A possibilidade de emissão de debêntures incentivadas é considerada uma das alternativas de captação de recursos para bancar a obra.

O estudo do BNDES, apresentado no início do segundo semestre, mostrou que a obra demandará R$ 23 bilhões em investimento para a conclusão, valor que aumentará com a inclusão de correções monetárias. Mais de 65% da obra já foi realizada em cerca de 40 anos no processo de construção.

Do total de R$ 23 bilhões, 90% seriam em financiamento no mercado e 10% pagos em equity pelos acionistas – ou seja, pela União, representada pela Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional Sociedade Anônima (ENBPar), e pela Eletrobras. A expectativa inicial é de que a usina poderia entrar em operação comercial em 2031.

O presidente da Frente Parlamentar Nuclear, deputado federal Júlio Lopes (PP-RJ), chegou a gravar vídeo dirigido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, feito com o prefeito do Rio, Eduardo Paes, pedindo que a construção de Angra 3 continue, e destacou que “nenhum dinheiro público será usado na obra”. “O governo já investiu muito, desmobilizar vai custar uma fortuna e não vale a pena”, disse Paes, no vídeo publicado no Instagram. (COLABOROU DENISE LUNA)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.