18/03/2016 - 0:00
O ex-presidente Lula, no seu afã de retorno ao poder, sacudiu para baixo os mercados por uma razão elementar. Mesmo não sendo alocado diretamente na cadeira de ministro da Fazenda, o plano petista é fazer dele o gestor de uma nova temporada de gastos irresponsáveis, pilotando à distância a pasta e reeditando a chamada “matriz criativa”, que contempla medidas populistas na economia. Desta vez essas medidas viriam completamente desprovidas de recursos públicos para tanto. Quase como em um truque de mágica, segundo acreditam seus idealizadores. É de conhecimento até do mundo mineral que o caixa do Estado brasileiro quebrou. A recessão explodiu no bojo de uma sangria desatada de gastos e culminou com um déficit público recorde. Mas Lula tinha – e ainda alimenta – a esperança de patrocinar uma nova derramade recursos na praça. Como fará isso? Ele quer reeditar equívocos do passado, como a liberação de credito barato através de bancos públicos – que seriam obrigados a praticar juros subsidiados, mesmo que sob o enorme risco de quebrarem por isso. Também está na sua lista de possíveis ações o uso das reservas cambiais. Nem ele, nem o governo admitem publicamente. Mas a ideia passa pela cabeça deles, que avaliam ainda como executá-la. Na prática, pode vir daí uma nova pedalada. Da mesma maneira, não estão descartadas medidas cosméticas sobre certos setores, para animar a produção. Queda de juros na base do decreto e aumento de verbas para o PAC e programas sociais entrariam no roteiro via aumento de impostos sobre “as elites”. A contar: nova alíquota de IR, taxação de fortunas e patrimônio, CPMF diferenciada e outras maldades do tipo. É um coquetel explosivo que, invariavelmente, pode levar a “venezuelização” da economia brasileira, com consequente quebra de empresas, escassez de produtos nas gôndolas e estouro da inflação. Lula e seu elenco não se mostram preocupados com esses “detalhes”. Tudo que querem daqui por diante é tentar atravessar a borrasca dos dois anos que restam – se ainda restarem! – do mandato da presidente e conquistar o apoio das bases para novos quatro anos. O populismo de medidas inconsequentes ajudaria neste sentido. Nenhuma reforma estrutural deve sair da cartola. Ao contrário! A tão propalada mudança da previdência para estancar o rombo galopante estará, sob as coordenadas de Lula, definitivamente fora de questão. Ele não quer dissabores com o seu eleitorado, cada vez mais diminuto. E a atividade produtiva que pague o pato!
(Nota publicada na Edição 959 da Revista Dinheiro)