Descarrilhado o trem da economia, o Governo optou mais uma vez pela tentação populista. Reviu a meta fiscal para baixo para atender o desejo petista por mais gastança e minou, de vez, com a confiança do mercado. Veio o rebaixamento implacável da nota da agência de risco Fitch. Na definição demolidora do diário americano “Wall Street Journal”, o Brasil foi jogado “na lata do lixo”. Os investidores desistiram. Os títulos nacionais viraram “junk bonds”. A revoada de recursos para fora é iminente.

Como cereja do bolo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, ensaia sua cerimônia de adeus. Perdeu as condições políticas de ficar não por falta de capacidade. E sim, justamente, por remar contra a maré na nau de insensatos da corriola petista. Um desastre anunciado, com todas as chances de se agravar ainda mais. O grupo chegado à presidente Dilma – salvo exceção de Levy – não sinaliza qualquer convicção de disciplina fiscal. Repete a inoxidável barbeiragem da chamada “nova matriz econômica”, que no primeiro mandato construiu o rombo nas contas públicas.

O País caminha, nessa toada, para uma crise na balança de pagamentos, afora todos os demais retrocessos monetários – da inflação descontrolada ao câmbio que derrete o real. Vários economistas já preveem um cenário de penúria financeira, empurrando o Brasil como pedinte de dinheiro ao FMI. Tal qual uma Grécia em estado de beligerância sócio-econômica. Foi Dilma quem quis assim. Fritou Levy em praça pública logo depois que ele resolveu estabelecer uma meta mínima para o superávit fiscal em 2016 da ordem de 0,7%. Objetivo inegociável. Do contrário, ele pediria o boné.

A presidente concedeu um número bem próximo do 0% e na praça ninguém duvida que o desempenho, mais uma vez, será negativo. Fica claro que não apenas as convulsões políticas deram um nó na economia. O pecado vem da gestão executiva. Dos erros em cascata do poder central nessa seara. O Brasil segue ladeira abaixo e ninguém mais com um mínimo de senso de responsabilidade se arrisca a assumir o manche que está sendo deixado por Levy. A mandatária, sem alternativas, tende a buscar uma saída política. Não é a melhor escolha. É a possível. Que os deuses tenham piedade de nós!

(Nota publicada na Edição 947 da Revista Dinheiro)