O setor lácteo brasileiro passou por uma intensa consolidação no ano passado, que culminou com a criação da Lácteos Brasil (LBR). Essa nova empresa, que nasceu em dezembro de 2010, tem um faturamento de R$ 3 bilhões e captação anual de 2 bilhões de litros de leite – inferior apenas à da Nestlé. 

A LBR é fruto de uma intricada composição acionária, que reúne os laticínios Bom Gosto, controlado pelas famílias gaúchas Zanatta e Stuani, a LeitBom, que tem entre os seus sócios a GP Investiments e a Laep (detentora da marca Parmalat no Brasil, que pertence ao empresário Marcus Elias), e o BNDESPar, que colocou R$ 700 milhões para a formação desta supercompanhia brasileira do leite. 

 

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De volta?: Parmalat italiana quer crescer de novo nos mercados emergentes, como o Brasil

 

Mal decorridos três meses desde a criação da LBR, seus acionistas estão envolvidos em uma nova negociação. Agora, a transação envolve a Parmalat italiana, como confirmou uma fonte que participa da negociação à DINHEIRO. 

 

Se for concluída, a LBR se transformaria na maior acionista individual da Parmalat, com uma participação que pode variar entre 25% e 30%. A operação é avaliada em até E 2,5 bilhões. 

 

“O Brasil é dominante no setor de alimentos”, afirma a fonte. “Com o negócio, uma empresa brasileira passaria a ter o controle de um importante player global.” Procurados, a LBR e o BNDES disseram que não comentam rumores de mercado.

 

De acordo com a fonte, as discussões estão em estágio avançado. Essa transação já chegou a ser cogitada, em 2008, quando a marca Parmalat pertencia exclusivamente à Laep, no Brasil. 

 

Não foi adiante, em razão da crise financeira mundial. Agora, foi retomada. O entrave para um desfecho satisfatório são os diversos interesses dos atuais acionistas brasileiros. 

 

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Nem todos concordam com a união com a empresa italiana, que interessaria muito mais a esta última. As negociações com a LBR seriam uma forma de a Parmalat se proteger do assédio de multinacionais, como a francesa Danone e a americana PepsiCo, que também têm interesse na marca. 

 

Na Itália, uma boa parte dos incentivos ao acordo provém da pressão dos acionistas da Parmalat – bancos e fundos de investimentos. Eles querem que a companhia volte a expandir-se internacionalmente. 

 

“A Parmalat não tem como crescer na França ou Espanha”, diz a fonte. “O caminho natural são os países emergentes, como o Brasil.” Quase abatida por um escândalo contábil que gerou um rombo de US$ 20 bilhões, a Parmalat italiana conseguiu sair dessa crise sem maiores arranhões à credibilidade de sua marca. O mesmo vale para o Brasil. Não por acaso, a LBR definiu que a Parmalat será o seu carro-chefe no mercado nacional.