A deterioração no mercado de trabalho e a inflação alta afastaram os consumidores das compras em 2015. A redução nas vendas já era conhecida, mas o resultado da Pesquisa Anual de Comércio daquele ano mensura o impacto do primeiro ano da crise no comércio brasileiro: fechamento de estabelecimentos, demissão de funcionários e queda no salário médio. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira, 24, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2015, o País tinha 1,573 milhão de empresas dedicadas ao comércio, que geraram R$ 3,1 trilhões de receita operacional líquida e R$ 550,5 bilhões de valor adicionado bruto. Naquele ano, foram pagos R$ 206,3 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações a 10,3 milhões de pessoas ocupadas, em 1,705 milhão de unidades locais.

Segundo o IBGE, o desempenho do comércio foi impactado por variáveis que determinam o comportamento do consumidor. Em 2015, a restrição ao crédito e a redução na renda diminuíram a confiança do consumidor e, consequentemente, o consumo das famílias.

A receita operacional líquida do comércio caiu 0,5% na passagem de 2014 para 2015. O número de unidades locais ficou 1,7% menor. O mau desempenho teve consequências para o mercado de trabalho no setor. O número de vagas diminuiu 3,9% em relação a 2014, enquanto o salário médio mensal real de quem permaneceu empregado encolheu 0,8%. Como consequência, a massa salarial real paga aos trabalhadores foi reduzida em 1,7%.

O salário médio pago pelas empresas comerciais brasileiras foi de 2 salários mínimos. O comércio atacadista tinha o maior salário médio em 2015, 2,9 salários mínimos. Entre as atividades, os salários mais elevados foram do comércio atacadista de combustíveis e lubrificantes (6,2 salários mínimos) e comércio atacadista de equipamentos e produtos de tecnologia de informação e comunicação e comércio de máquinas, aparelhos e equipamentos; e produtos químicos (4,4 salários mínimos).

Em relação à produtividade, o destaque também foi o comércio atacadista, com R$ 111.351 de valor adicionado gerado por pessoa ocupada, contra uma média de R$ 53.579 no total da pesquisa. Entre as atividades, a liderança foi também do comércio atacadista de combustíveis e lubrificantes: R$ 348.417 por trabalhador.

O segmento de comércio de veículos, peças e motocicletas teve o pior desempenho no ano, com queda de 11,0% na receita operacional líquida, recuo de 4,2% no pessoal ocupado e redução de 0,8% no número de unidades locais. Ainda assim, o segmento aumentou em 0,3% o salário médio mensal dos trabalhadores que permaneceram ocupados.