14/10/2017 - 8:47
A maneira como será a votação no Senado sobre a manutenção das medidas cautelares contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG), na terça-feira, pode influenciar no futuro do tucano. Senadores afirmam que, se o voto não for secreto, a pressão da opinião pública pode fazer com que parlamentares desistam de reverter a suspensão do mandato do político mineiro.
Como o jornal O Estado de S. Paulo mostrou na sexta-feira, 13, a cúpula do Senado articula para que a votação em plenário seja secreta para evitar o desgaste dos senadores que querem votar a favor de Aécio e suspender as medidas cautelares impostas pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal.
“Qualquer decisão pode ser mal interpretada, pois pode ser vista como uma votação corporativista”, admitiu o líder do PMDB na Casa, senador Raimundo Lira (PB).
A bancada do partido, no entanto, deve votar a favor de Aécio. Também alvo da Lava Jato, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), foi escalado pelo presidente Michel Temer para convencer os pares a suspender as medidas cautelares impostas pelo Supremo.
O senador Armando Monteiro (PTB-PE) tem a mesma avaliação, mas defende que essa é uma decisão que deve ser tomada à luz da divisão entre os Poderes. “Eu vou votar de forma muito consciente, sem ficar avaliando o que pode dar mais dividendos na opinião pública”, disse.
Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Aécio vai ter dificuldades em voltar ao Senado. “São 41 senadores que, a um ano da eleição, tem de dizer publicamente que aceitam enfrentar a decisão da Primeira Turma do Supremo”, disse. Para derrubar a decisão do Supremo, Aécio precisará de 41 votos.
Randolfe também criticou a articulação para que a votação seja secreta. Ele afirmou que já está com um mandado de segurança “praticamente pronto” para ingressar na Corte caso os senadores insistam na tese.
O PT, que criticou o afastamento do adversário político na época, voltou atrás e deve votar unida para manter as medidas impostas contra o tucano.
Em nota, os senadores do PSB Lídice da Mata (BA) e Antonio Carlos Valadares (SE) também querem que o voto seja aberto “para que a população saiba a nossa posição e a dos demais membros do Senado”.
Alteração
O regimento interno do Senado prevê votação secreta para deliberação sobre prisão de parlamentar. A Constituição, no entanto, foi alterada em 2001 e retirou do texto a determinação que o voto nessas situações fosse sigiloso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.