06/06/2018 - 20:39
Depois de sinalizar, em entrevista ao Estadão/Broadcast, que poderia abrir mão de sua postulação à Presidência da República, a deputada estadual gaúcha Manuela D’Ávila (PCdoB) disse nesta quarta-feira, 6, que a tendência no campo da esquerda é a pulverização em quatro nomes.
Manuela ponderou que o cenário não é o que ela deseja, mas que seu partido fez todos os gestos que podia em prol de uma união com os pré-candidatos do PT, do PDT e do PSOL: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso em Curitiba, o ex-ministro Ciro Gomes e Guilherme Boulos.
“Exaurimos os nossos gestos. Acredito que o desfecho será termos quatro pré-candidaturas. Somos oponentes, adversários estão do lado de lá”, disse durante sabatina promovida pelo jornal Correio Braziliense e pelo Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco Nacional).
Manuela não se considera um óbice à união entre os autointitulados progressistas, mas afirmou que a “vida real” é diferente e que considera um avanço ter assinado um programa com propostas comuns para a crise nacional com Lula, Ciro e Boulos.
Propostas
Manuela disse ser contra a venda da participação pública nas empresas estatais e acusou o governo de querer promover o desmonte do Estado. Manuela considera que o Brasil vive um processo de desindustrialização “severo” e que não é possível repensar a retomada da atividade industrial entregando o controle das atividades energéticas a multinacionais.
Ela argumentou que os bancos públicos são fundamentais para disputar as tarifas de juros no mercado com as instituições privadas e propôs desenvolver mecanismos de controle contra a corrupção nas estatais.
“Petrobras, Banco do Brasil, Caixa e Eletrobrás são fundamentais para o desenvolvimento do Brasil e retomada do crescimento da economia. Privatização não é um debate moral, é um debate estratégico sobre o que o Brasil precisa ou não para se desenvolver como nação. Se a Petrobras é tão importante, temos que garantir que esteja imune a atos de corrupção.”
Manuela disse que, num eventual governo comunista, poderá haver interferência do governo no Banco Central do Brasil, reduzindo a autonomia informal dada ao banco atualmente. “O Banco Central tem que fazer parte do projeto de desenvolvimento do País. O Estado mínimo só é mínimo para o povo brasileiro, mas é máximo para garantir juros altos para os bancos. A quem serve a autonomia total do BC. Só serve para o sistema financeiro, não serve pera o povo brasileiro.”