É só dar uma voltinha pelo metrô de Nova York para cruzar com algumas dezenas de jovens estilosos usando os fones de ouvido avantajados e coloridos da americana Beats. Fundada em 2008 pelo produtor musical Jimmy Iovine e pelo rapper Dr. Dre, a empresa, dona de uma receita anual estimada em US$ 1,5 bilhão, conquistou o coração (e o bolso) do público descolado, que não se incomoda em pagar pelo menos US$ 200 para ficar na moda. E nem é preciso ir tão longe assim para perceber a badalação em torno da Beats. Rodando por algumas faculdades particulares ou empresas de tecnologia pelo Brasil, também é possível encontrar os mesmos fones de design modernoso.

Isso sem que o País abrigue uma só loja da marca. “Eu sabia que as pessoas adorariam nossos acessórios”, disse Dre para a revista semanal Time. “Mas eu não tinha ideia que as pessoas adorariam tanto assim.” O sucesso é tanto que, segundo a publicação Financial Times, a Apple está em conversas avançadas com a empresa para adquiri-la pela quantia de US$ 3,2 bilhões. Para os especialistas do mercado, o negócio faz sentido. “A Apple tem buscado se diferenciar e inovar”, afirma Martha Terenzzo, professora do Centro de Inovação e Criatividade da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).

A gigante de tecnologia já fez história no setor de música digital ao criar o iTunes Store, em 2003, e teve o mercado nas mãos com as vendas de MP3 devido à popularidade do iPod. Agora que, desde janeiro, a Beats também resolveu se aventurar pelo mercado de streaming, ao lado da sueca Spotify e da americana Rdio, seria uma oportunidade para a Apple, de Tim Cook, voltar a liderar esse setor, caso a notícia seja confirmada nos próximos dias por Jimmy Iovine e pelo rapper Dr. Dre. Deixando de lado as indiscutíveis inovações tecnológicas da Beats, que tanto atraem fãs pelo mundo inteiro – além do interesse comercial da Apple, claro –, é mesmo o estilo de seus fones de ouvido o responsável pelo faturamento bilionário.

Há versões coloridas e brilhosas, com cristais Swarovski, banhadas a ouro 24 quilates e até mesmo com diamantes incrustados. Este último, no valor de US$ 1 milhão, foi feito em parceria com a joalheria britânica Graff Diamonds e adquirido pelo rapper Lil Wayne. Martha diz que a aliança da marca com Dre também é outro fator fundamental para o sucesso da Beats. “Os consumidores não pensam apenas em tecnologia quando escolhem a Beats”, diz a especialista. “Eles compram ligados principalmente na transferência de status e rebeldia que a marca confere aos seus clientes, uma vez que ela está unida a um famoso rapper.”

Atentas ao mercado de fones de ouvido, que só nos Estados Unidos movimenta mais de US$ 1,8 bilhão, anualmente, algumas marcas de luxo também têm projetado seus próprios acessórios, em parceria com empresas especialistas no assunto. É o caso da Chanel, que, em abril, lançou um fone de ouvido revestido em couro preto e com o logo símbolo da marca. O valor, estimado em US$ 7,5 mil, é salgado mesmo para os parâmetros da Beats, que, além do bilionário fone de ouvido com diamantes, não costuma lançar novidades com preços acima de US$ 2,5 mil. Outras grifes de moda, como Prada, Dolce & Gabbana e Oscar de la Renta, têm apostado nesse mercado. Fora do mundo fashion, a Hublot, de relógios de alto padrão, a Tumi, de malas e bagagens, e a italiana Ferrari também já se renderam ao setor.