10/07/2020 - 6:01
O prefeito de Seul, um ex-advogado de direitos humanos e potencial candidato à presidência da Coreia do Sul, foi encontrado morto nesta sexta-feira (10), em um caso de suicídio um dia depois de ter sido acusado de assédio sexual.
A morte de Park Won-soon, cujo corpo foi encontrado em uma montanha da capital do país, é o final mais dramático para um caso do #MeToo na Coreia do Sul, uma sociedade patriarcal onde este movimento derrubou muitos homens importantes de diferentes setores.
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Park apresentou um pedido de desculpas generalizado em um bilhete de suicídio – escrita à mão com tinta e pincel – encontrada em sua residência oficial e divulgada pelas autoridades da cidade.
“Sinto muito por todos. Agradeço a todos que estiveram comigo na minha vida”, escreveu ele, pedindo para ser cremado e que suas cinzas sejam espalhadas nos túmulos de seus pais. “Sinto muito pela minha família, a qual só causei dor”,
“Adeus a todos”, concluiu, sem uma referência às acusações apresentadas contra ele.
Park é o político sul-coreano mais importante a tomar tal atitude desde o ex-presidente Roh Moo-hyun, que se jogou em um precipício em 2009 depois de ser interrogado por acusações de corrupção.
A filha do prefeito reportou seu desaparecimento na tarde de quinta-feira, segundo a polícia. Ela afirmou que o pai estava desaparecido e que havia deixado uma mensagem que soava como suas “últimas palavras”.
Park, uma figura importante no Partido Democrata, de centro-esquerda, governava há quase uma década a capital da Coreia do Sul, onde moram quase 20% da população do país.
Ele venceu três eleições. Promovia a igualdade de gênero e social e já havia expressado a ambição de suceder o presidente Moon Jae-in em 2022.
A morte aconteceu um dia depois de sua ex-secretária apresentar uma denúncia contra ele à polícia, aparentemente por um caso de assédio sexual.
A Coreia do Sul segue dominada por homens, apesar dos avanços econômicos e tecnológicos, mas nos últimos dois anos o movimento #MeToo apresentou várias denúncias.
De acordo com um documento que supostamente é o depoimento da vítima de Park, que trabalhou como sua secretária pessoal a partir de 2015, ele cometeu “assédio sexual e gestos inapropriados durante as horas de trabalho”, como insistir que ela o abraçasse no dormitório anexo a seu escritório.
Depois do trabalho, afirmou, ele enviava “selfies com roupas íntimas e comentários lascivos” em um aplicativo de mensagens.
“Fiz uma lavagem cerebral em mim mesma, com medo e humilhação tremendos, de que tudo isso era para o bem da cidade de Seul, meu e do prefeito Park”, disse ela, segundo o documento.
A polícia confirmou que uma denúncia foi apresentada, mas se recusou a confirmar os detalhes.
A morte de Park significa que a investigação será automaticamente encerrada.