04/08/2004 - 7:00
Berlim está para alugar. Disposto a sair do vermelho, o prefeito Klaus Wowereit resolveu promover uma espécie de liquidação imobiliária na cidade. Ele está alugando espaços públicos na tentativa de reverter o rombo financeiro causado pela reunificação alemã. Por 5 mil euros uma empresa pode alugar um salão da Prefeitura, instalada em um belíssimo prédio renascentista, para uma confraternização. Todo o centro político berlinense virou atração festiva. É possível alugar museus ou o antigo parlamento da Alemanha Oriental. Até o Portão de Brandemburgo, marco da cidade, está na lista. São quase 20 mil euros para montar uma festa por lá. ?Dá um glamour aos nossos encontros?, afirma Dieter Hierstetter, diretor de uma consultoria de eventos. ?Conseguimos atrair mais gente do que se fizéssemos em um centro de convenções.?
Com uma das maiores concentrações mundiais de espaços públicos de lazer, Berlim é a terceira cidade mais visitada da Europa ? só perde para Paris e Londres. A cidade arrecada cerca de 8 bilhões de euros com impostos, mas gasta 7 bilhões só com o funcionalismo público. ?Estamos quebrados?, diz o prefeito. ?Por isso buscamos formas alternativas de arrecadação.?
Com a reunificação alemã, Berlim perdeu grande parte de suas empresas para os estados do sul do País. Companhias de tecnologia, como a Siemens, foram para a região de Munique. Os grandes bancos, para Frankfurt. Em contrapartida, a cidade tem atraído empresas ligadas à área cultural. É lá que estão as sedes da MTV Europa e da Universal. De qualquer forma, a falta de grandes empresas ainda pesa. ?Seria ilusório presumir que essas firmas voltariam num curto prazo?, afirma Günther Kolodziej, porta-voz da Prefeitura. ?Tínhamos de resolver nosso problemas de outra forma.? A transformação da Prefeitura numa espécie de agente imobiliário está se mostrando um sucesso. Até a semana passada, a cidade contabilizava 84 eventos agendados até o fim do ano.