22/01/2021 - 12:41
As Nações Unidas disseram ter recebido relatos “perturbadores” de violência e abuso sexual na região etíope do Tigré, onde o governo lançou uma operação militar em novembro.
Os relatórios mencionam casos de pessoas que foram forçadas a estuprar membros de suas famílias e mulheres forçadas a fazer sexo para obter “necessidades básicas”.
“Estou muito preocupado com as graves acusações de violência sexual na região de Tigré, na Etiópia, especialmente o grande número de supostos estupros” na região de Mekele, a capital regional, disse em um comunicado na noite de quinta-feira Pramila Patten, Representante Especial da ONU sobre a Violência Sexual em Conflitos.
“Os centros médicos enfrentam um aumento na demanda por anticoncepcionais de emergência e exames para doenças sexualmente transmissíveis, que muitas vezes são indicadores de casos de violência sexual durante os conflitos”, ressaltou, exigindo pleno acesso humanitário ao Tigré.
O apelo se refere especialmente a “mais de 5.000 refugiados eritreus dentro e ao redor de Shire [um município que abriga campos de refugiados], vivendo em condições extremas, muitos dormindo sem teto, sem água e sem comida, de acordo com algumas fontes”.
Além disso, Patten mencionou as condições de vida de 59.000 etíopes que se refugiaram no vizinho Sudão.
No início de janeiro, um médico baseado em Mekele informou à AFP que sua unidade tratou 15 vítimas de estupro entre o final de novembro e dezembro, mas ressaltou que “a maioria [das vítimas] não foi ao hospital”.
A AFP tentou, em vão, contatar o governo provisório do Tigré.
O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, lançou uma ofensiva militar em 4 de novembro contra as autoridades dissidentes no Tigré, membros da Frente de Libertação do Povo Tigré (TPLF), após meses de tensões, e proclamou vitória no dia 28 do mesmo mês.
No momento, nenhum saldo foi fornecido, mas o International Crisis Group (ICG) apontou que a intervenção teria causado “milhares de mortes”.