06/12/2021 - 14:18
O aumento da temperatura da água, pesca predatória e a poluição marinha ameaçam os recifes de corais no oeste do Oceano Índico, que podem entrar em colapso nos próximos 50 anos, de acordo com o primeiro estudo desses ecossistemas publicado nesta segunda-feira (6).
Suas conclusões, publicadas na revista Nature Sustainability, alertam que os corais ao longo da costa leste da África enfrentam um forte risco de colapso se medidas urgentes não forem tomadas.
Pela primeira vez, os pesquisadores puderam avaliar a vulnerabilidade de vários recifes no oeste do Oceano Índico e identificar as principais ameaças à saúde dos corais.
Os cientistas acreditam que todos os corais nesta região enfrentarão “colapso do ecossistema e danos irreversíveis” nas próximas décadas. Vários habitantes dos recifes de corais já estão criticamente ameaçados.
“As conclusões são muito sérias. Esses recifes podem entrar em colapso”, disse David Obura, fundador do Instituto Queniano de Pesquisa Oceânica CORDIO na África Oriental e principal autor do estudo à AFP.
“Os recifes não estão com boa saúde em nenhuma parte da região. Todos eles já diminuíram e isso vai continuar”, disse ele.
O estudo, confirmado pela União Internacional para a Conservação da Natureza, estimou a superfície desses recifes em 12 mil km2, que representam cerca de 5% do total mundial.
Recifes próximos as ilhas Maurício, Seychelles, Comores e Madagascar, diferentes pontos turísticos populares por seus ecossistemas marinhos, incluindo recifes, são os mais ameaçados, dizem os pesquisadores.
Eles cobrem apenas uma pequena parte (0,2%) do fundo do oceano, mas abrigam pelo menos um quarto de toda a flora e fauna marinha oferecendo proteção contra tempestades e erosão costeira, e empregando milhões de humanos.
Para Obura, a saúde dos recifes é “preciosa” e a sua perda seria “um duplo problema” tanto “para a biodiversidade, como para todo o tipo de atividades costeiras que dependem dos recifes”.
O aquecimento global representa a pior ameaça à saúde dos corais no oeste do Oceano Índico, com cientistas alegando que a temperatura da água aumenta mais rápido do que em outras partes do planeta.
Os oceanos absorvem mais de 90% do excesso de calor dos gases de efeito estufa, o que não só ajuda a resfriar a terra, mas também gera ondas intensas e amplas de calor marinho.
Do Quênia à África do Sul, a pressão da pesca predatória também é identificada como outro risco. O estudo destaca a necessidade de responder o mais rápido possível a essas duas ameaças, globais e locais, diz Obura.
“Devemos dar a esses corais as melhores alternativas possíveis. E para isso, devemos reduzir esses fatores, aliviar a pressão sobre os corais”, concluiu.