O governo autorizou nesta quarta-feira (5) a vacinação contra o coronavírus de crianças entre 5 e 11 anos, que será iniciada após a chegada do imunizante este mês, em meio à polêmica desencadeada desde sua aprovação pela Anvisa e uma alta significativa de casos no Brasil.

“Todos aqueles pais e mães que quiserem vacinar a seus filhos, o Ministério da Saúde vai garantir doses da vacina” anticovid, declarou o ministro Marcelo Queiroga em Brasília.

O início da vacinação desta faixa etária, que engloba cerca de 20,5 milhões de crianças, está previsto para a segunda quinzena deste mês, após a chegada dos primeiros imunizantes pediátricos da Pfzier-BioNTech, no dia 13. A data exata ainda não foi divulgada.

A imunização será por faixa etária decrescente, priorizando crianças com deficiência permanente ou doenças preexistentes e grupos vulneráveis, como indígenas e quilombolas. A autorização dos pais, presentes no momento da vacinação ou por escrito, será obrigatória.

O anúncio, que insere o Brasil na lista crescente de países que estenderam a vacinação às crianças, como Estados Unidos e Alemanha, acontece três semanas após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovar a vacina para menores entre 5 e 11 anos.

As doses serão aplicadas com um intervalo de oito semanas entre cada injeção, ao invés de 21 dias, como em adultos.

Até o anúncio desta quarta-feira, o governo era alvo de duras críticas pela demora em tomar uma decisão sobre a vacinação de crianças.

O presidente Jair Bolsonaro, que diz não ter se vacinado e que não permitirá que sua filha Laura, de 11 anos, tome as vacinas anticovid, pediu há semanas a publicação dos nomes dos responsáveis pela decisão da Anvisa, desencadeando uma onda de ameaças contra a agência por parte de seus seguidores.

O Ministério da Saúde realizou uma audiência pública em 23 de dezembro e 2 de janeiro para debater o tema e pressionou pela adoção de prescrição médica para vacinação de menores, o que acabou rejeitado pela maioria dos quase 100.000 participantes.

Finalmente, a pasta decidiu não exigir a receita médica, mas recomendou que os pais consultem um médico sobre a imunização de seus filhos.

Muitos especialistas consideram que a imunização das crianças é fundamental para protegê-las e deter a pandemia, num momento em que a nova variante ômicron, mais contagiosa, se espalha pelo país.

De acordo com dados oficiais, mais de 300 crianças de 5 a 11 anos morreram por covid-19 desde o início da crise sanitária até dezembro do ano passado.

O Brasil, que acumula quase 620.000 mortes por covid-19, conta com cerca de 67% da população completamente vacinada.