15/12/2022 - 17:11
Na renda variável, não houve registro de operações no mês de novembro, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). No ano, são R$ 51,9 bilhões em follow-ons (ofertas de aumento de capital). Em detrimento às operações de renda variável, os cortes de juros devem ser adiados de junho para agosto de 2023, e a taxa Selic deve se manter em dois dígitos até o final do próximo ano, segundo o Grupo Macroeconômico da Anbima.
Para Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos, o ciclo de alta da Selic de 2% para 13,75% ao ano travou a janela de captações em IPOs. “A economia virou de ponta cabeça com a alta dos juros e as empresas preferem não fazer IPO e esperar por uma janela melhor”, afirmou.
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Sobre o cenário para 2023, o economista avalia que será muito difícil para operações de IPOs no início. “Na renda variável, vamos ver ofertas de ações (follow-ons) de empresas consolidadas como concessionárias estaduais (ex. Cemig, Sabesp, Copel), mas acho difícil ter IPO aqui. As empresas mais ligadas à tecnologia estavam preferindo listar lá fora, como vimos em 2019 e 2020”, disse.
No ambiente para renda fixa, Marcatti diz que o cenário permanece positivo para ofertas de dívida (debêntures e notas comerciais), recebíveis (CRA/CRI) e fundos imobiliários e do agronegócio (FII e Fiagro).
De acordo com o boletim de mercado de capitais da Anbima, as captações de recursos via emissões no mercado de capitais somaram R$ 21,5 bilhões. As ofertas entre janeiro e novembro de 2022 captaram R$ 466,5 bilhões, redução de 10,5% em relação ao mesmo período de 2021. Até o momento, as ofertas em andamento e em análise somam R$ 8,9 bilhões e R$ 8,4 bilhões, respectivamente (desconsiderando o volume das ofertas de ações).
O volume encerrado com debêntures apresentou redução significativa de outubro para novembro de 2022, deslocando-se de R$ 21,3 bilhões para R$ 8,6 bilhões – diminuição de quase 60%. Essa baixa está relacionada ao movimento de antecipação de emissões pelas empresas durante este ano e às incertezas domésticas associadas à política econômica do próximo governo, que deixaram a curva de juros mais elevada, principalmente nos vértices mais longos.
De janeiro a novembro de 2022, as empresas captaram R$ 234,9 bilhões com debêntures. Nesse período, as companhias brasileiras conseguiram financiamento especialmente com os fundos de investimento (45,5%), conforme os dados da Anbima.
Em outras palavras, o mercado preferiu mais conceder os recursos por meio de títulos de dívida corporativa via debêntures por causa dos juros altos, do que através da emissão de ações, um instrumento de maior risco para os investidores.