A taxa média de juros no crédito livre (ou seja, com juros decididos livremente pelas instituições financeiras) voltou a avançar em março ante fevereiro. O porcentual passou de 40,3% para 40,5% ao ano, informou nesta sexta-feira, 3, o Banco Central. No terceiro mês de 2023, a taxa estava em 44,1%.

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Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 52,6% para 53,4% ao ano de fevereiro para março.

No segmento de pessoas jurídicas, a taxa passou de 21,4% para 20,9% entre os dois meses.

Cheque especial

Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física, destaque para o cheque especial, cuja taxa caiu entre fevereiro e março, de 132,1% ao ano para 127,6% ao ano.

No crédito pessoal, a taxa passou de 41,4% para 42,4% ao ano.

Desde 2018, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200.

Em janeiro de 2020, o BC passou a aplicar uma limitação dos juros do cheque especial, em 8% ao mês (151,82% ao ano).

Veículos

Os dados divulgados nesta sexta pelo Banco Central mostraram ainda que, para aquisição de veículos, os juros foram de 25,9% ao ano em fevereiro para 25,4% em março.

Operações livres e direcionadas

A taxa média de juros no crédito total, que inclui operações livres e direcionadas (com recursos da poupança e do BNDES), foi de 27,9% ao ano em fevereiro para 28,2% ao ano em março. No terceiro mês de 2023, estava em 31,5%.

Custo de crédito

Já o Indicador de Custo de Crédito (ICC) ficou estável em 21,9% ao ano de fevereiro para março. O porcentual reflete o volume de juros pagos, em reais, por consumidores e empresas no mês, considerando todo o estoque de operações, dividido pelo próprio estoque.

Na prática, o indicador reflete a taxa de juros média efetivamente paga pelo brasileiro nas operações de crédito contratadas no passado e ainda em andamento.

Diferença de juros

O spread em operações de crédito (diferença entre os juros que os bancos pagam ao captar recursos e os que cobram dos consumidores ao emprestar) apresentou novo avanço em março. Dados divulgados pelo Banco Central mostram que o spread bancário médio no crédito livre passou de 29,9 pontos porcentuais em fevereiro para 30,1 pontos porcentuais em março.

No segmento pessoa física, o spread passou de 42,0 para 42,9 pontos porcentuais entre os dois meses. Para pessoa jurídica, o spread médio variou de 11,2 para 10,7 pontos porcentuais na passagem de fevereiro para março.

O spread é calculado com base na diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes finais (famílias e empresas) em operações de crédito.

O spread médio do crédito direcionado passou de 4,2 pontos porcentuais em fevereiro para 4,1 em março. Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) foi de 19,3 para 19,4 pontos porcentuais entre os dois meses.

Inadimplência

A taxa de inadimplência nas operações de crédito livre com os bancos teve leve oscilação entre fevereiro e março, passando de 4,6% para 4,5%, informou o Banco Central.

Para as pessoas físicas, a taxa de inadimplência foi de 5,5% para 5,4% de um mês para o outro. No caso das empresas, saiu de 3,3% para 3,2% no período.

A inadimplência do crédito direcionado (recursos da poupança e do BNDES) ficou estável em 1,4% na passagem de fevereiro para março.

O dado que considera o crédito livre mais o direcionado mostra que a taxa de inadimplência também ficou estabilizada em 3,2% entre fevereiro e março.

Endividamento das famílias

O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro fechou o mês de fevereiro em 47,9%, ante 48,0% registrado em janeiro. O recorde da série histórica do Banco Central ocorreu em julho de 2022 (50,1%). Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 30,1% no segundo mês de 2024, ante 30,2% em janeiro.

Fevereiro foi o sexto mês de operação do programa federal de renegociação de dívidas Desenrola. Na fase do programa iniciada no dia 17 de julho foi possível renegociar dívidas bancárias de consumidores que ganham até R$ 20 mil mensais, sem garantia do Tesouro Nacional.

Além disso, o nome de pessoas que tinham dívidas de até R$ 100 nos bancos foi “desnegativado” automaticamente, sem o perdão dos compromissos. A segunda fase, para quem ganha até dois salários mínimos (R$ 2.640,00), começou no fim de setembro e tem garantia do Tesouro.

Segundo os dados do BC para o mês de fevereiro, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) terminou em 25,7%. Em janeiro, o porcentual também era de 25,7%. O recorde da série foi registrado em junho de 2023, com 28,4%. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda seguiu de 23,7% de janeiro para fevereiro.