08/05/2024 - 10:35
O dólar acelerou seus ganhos frente ao real nesta quarta-feira, 8, com investidores à espera da conclusão da reunião de política monetária do Banco Central em meio a incertezas sobre o ritmo de afrouxamento, enquanto o apetite por risco no exterior se mostrava tímido.
Perto das 12h, o dólar à vista subia 0,17%, a R$ 5,084 na venda, após ter ultrapassado R$ 5,10 pela manhã. Já o Ibovespa recuava 0,03%, a 129.170 pontos. Veja cotações.
+ 0,25 ou 0,50 ponto? Mercado aposta em corte menor da Selic no Copom de hoje
“O mercado segue em cautela, aguardando a decisão do Copom, agendada para hoje… O mercado deseja saber quais os indicativos de próximos passos para ancorar as expectativas de juros que impactam a economia como um todo”, disse Matheus Massote, especialista em câmbio da One Investimentos.
O momento é de inédita incerteza no atual ciclo monetário sobre a magnitude do corte a ser anunciado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta-feira.
Em sua última reunião, o Copom havia indicado manutenção do ritmo de 0,50 ponto percentual, mas, desde então incertezas globais e domésticas levaram o presidente do BC, Roberto Campos Neto, a abrir a porta no mês passado para uma desaceleração do passo de corte para 0,25 ponto, virando de cabeça para baixo as expectativas do mercado.
Antes certos da manutenção do ritmo de meio ponto, operadores de contratos futuros de juros passaram a embutir quase 90% de chance de ajuste mais cauteloso, de 0,25 ponto. As expectativas do boletim Focus também viraram, e passaram a mostrar nesta semana redução de 0,25 ponto, de 0,50 antes.
Divididos, economistas consultados em pesquisa da Reuters acreditam em sua maioria numa desaceleração para 0,25 ponto, embora parcela expressiva aposte na manutenção do passo de 0,50 ponto visto nas últimas seis reuniões.
Em teoria, um ritmo mais lento de afrouxamento monetário no Brasil seria positivo para o real, uma vez que isso preservaria melhor a rentabilidade do mercado de renda fixa, atraindo investidores estrangeiros.
No entanto, muitos participantes do mercado têm alertado que, caso eventual decisão do BC de desacelerar o afrouxamento seja motivada por elevadas incertezas fiscais, isso poderia anular o efeito positivo para o real, já que a saúde das contas públicas também é um fator levado em consideração para decisões de investimento.
“No pano de fundo (da reunião do Copom), o impacto da situação de calamidade no Rio Grande do Sul na economia continua sendo uma fonte de preocupação, especialmente diante do cenário fiscal desafiador e da deterioração das expectativas de inflação”, disseram economistas da Guide Investimentos em relatório a clientes.
Enchentes devastadoras que atingiram o Rio Grande do Sul deixaram ao menos 95 mortos e 128 desaparecidos, segundo o balanço mais recente da Defesa Civil do Estado, enquanto sobreviventes enfrentam escassez de alimentos e suprimentos básicos.
Frente à tragédia, o Congresso aprovou na terça-feira o projeto de decreto legislativo que reconhece o estado de calamidade no Rio Grande do Sul, abrindo caminho para o envio de recursos federais ao Estado sem que isso afete a meta fiscal do governo ou implique descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Na véspera, a moeda norte-americana à vista fechou o dia cotada a 5,0681 reais na venda, em leve baixa de 0,13%.