A cimenteira Intercement, uma das maiores do setor no Brasil e na América Latina, apresentou na segunda-feira seu plano de recuperação judicial na Justiça de São Paulo, listando dívidas de cerca de 15,6 bilhões de reais.

A companhia, que até recentemente vinha discutindo a venda para a CSN, afirmou em documentos que as chamadas “contingências” cíveis envolvem R$8,1 bilhões, as trabalhistas R$122 milhões e as tributárias R$7,4 bilhões.

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No plano apresentado, a Intercement oferece aos credores com garantia real pagamento em dinheiro de até 5 centavos de real para cada real de crédito que detêm e “títulos participativos” da Loma Negra. Os credores financeiros receberão 500 milhões de reais em até um ano.

No conjunto das dívidas de natureza civil, a Intercement cita R$7,6 bilhões ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), segundo documento da companhia. Mas, essa cifra, pode crescer até R$15,9 bilhões se incluídos valores de uma ação coletiva aberta pelo Ministério Público Federal, que pode atingir um valor de R$10,9 bilhões, além de até outros R$3,8 bilhões relacionadas a processo do MP do Rio Grande do Norte.

Os processos decorrem de investigação que remonta ao início dos anos 2000 sobre cartel no setor de cimentos no país. Na época, o relator do caso no Cade afirmou que o cartel gerou prejuízos de pelo menos R$28 bilhões ao país ao longo de 20 anos.

A Intercement afirmou que, dos R$15,6 bilhões, apenas R$90 milhões são citados como risco “provável” de perda pela companhia enquanto R$8,18 bilhões são avaliados como de risco “remoto”. Outros R$7,4 bi são classificados como “possíveis”.

No documento, a Intercement cita o grupo Mover, antiga Camargo Corrêa, como detentora de participação de 95,7% na empresa e o Bradesco com 4,3%.

A Intercement estimou ter tido lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$700 milhões em 2024, abaixo do nível de mais de 1 bilhão de 2013, um ano antes da condenação do cartel pelo Cade. O faturamento do ano passado foi estimado em R$3,3 bilhões.

Nos documentos, a Intercement cita operações no Brasil e na Argentina, por meio da Loma Negra, 23 fábricas de cimento, 14 centrais de concreto e duas de agregados, totalizando capacidade instalada de cerca de 28 milhões de toneladas de cimento por ano, segundo levantamento realizado pela Apsis. No Brasil, são 15 unidades produtivas em nove Estados e 3.400 funcionários.