O dólar completou a sétima sessão consecutiva de baixa ante o real, encerrando nesta quarta-feira, 19, na menor cotação em cinco meses, acompanhando a perda de força da moeda norte-americana no exterior após decisão do Federal Reserve sobre juros nos EUA.

A moeda norte-americana à vista fechou em baixa de 0,47%, aos R$ 5,6486, menor cotação desde 14 de outubro de 2024, quando terminou em R$ 5,5827. Nas últimas sete sessões, o dólar acumulou baixa de 3,52% e, no ano, recuo de 8,58%. Veja cotações.

Às 17h06 na B3 o dólar para abril — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 0,48%, aos R$ 5,6620.

Já o Ibovespa fechou em alta pelo sexto pregão consecutivo nesta quarta-feira, 19, na maior série de ganhos em sete meses, com Vivara disparando após divulgar resultado do último trimestre do ano passado e sinalizar tendência positiva de vendas a partir de nova coleção recém-lançada.

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Investidores também repercutiram decisão de política monetária nos Estados Unidos, onde o Federal Reserve manteve a taxa de juros na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano, conforme o esperado, enquanto projeções de membros do banco central norte-americano sinalizaram a chance de dois cortes neste ano.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,79%, a 132.508,45 pontos, maior patamar de fechamento desde 2 de outubro de 2024. Na máxima do dia, chegou a 132.984,25 pontos. Na mínima, marcou 131.450,67 pontos.

Uma sequência de seis altas não ocorria desde agosto do ano passado, quando o Ibovespa fechou no azul por oito pregões seguidos, de 6 a 15 daquele mês. Na série de seis ganhos deste ano, a valorização acumulada já supera 7%.

O volume financeiro no pregão desta quarta-feira somou R$ 25,6 bilhões.

Super-quarta

O mercado opera nesta quarta-feira com foco na política monetária dos Estados Unidos e do Brasil. Nos EUA, a decisão do comitê de política do Fed foi divulgada às 15h. A manutenção dos juros já era esperada pelo mercado.

Enquanto isso, no Brasil, a expectativa é que o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central eleve mais uma vez a Selic em 1 ponto percentual, para 14,25%.

Os agentes financeiros estarão atentos a qualquer indício do BC sobre os próximos movimentos a partir da reunião de maio.

“Essa será a última decisão seguindo o ‘guidance’ da gestão de Roberto Campos Neto”, pontuou Márcio Riauba, Head da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio.

“O mercado está dividido quanto ao tom do comunicado: alguns acreditam que manterá a sinalização de novas altas, ainda que em um ritmo menor, enquanto outros esperam que (o presidente Gabriel) Galípolo deixe a decisão em aberto para a próxima reunião”, completou.

Os mercados globais também seguem de olho nas incertezas geopolíticas ao redor do mundo, com destaque para as discussões pelo fim da guerra na Ucrânia, que ganharam novo capítulo na véspera com o telefonema entre Trump e o presidente russo, Vladimir Putin.

A conversa teve como resultado um acordo por um cessar-fogo de 30 dias em ataques russos contra a infraestrutura de energia da Ucrânia.

De acordo com o economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, não houve surpresas na decisão do Fed e o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) seguiu o protocolo de não oferecer pistas sobre os próximos movimentos de política monetária.

“No entanto, embora tenha repetido que mercado de trabalho está forte e a inflação permanece acima da meta, destacou que a incerteza sobre o cenário econômico aumentou”, destacou, citando ainda que as projeções tiveram mudanças marginais, sugerindo aumentos na inflação e na taxa de desemprego.

“A vida dos membros do Fomc ficou mais difícil, mas até o momento os ajustes nas perspectivas para a política monetária foram bastante parcimoniosas. Até a próxima reunião muita coisa pode mudar.”

Em Wall Street, o sinal positivo prevaleceu, com o S&P 500 encerrando em alta de 1%.

A bolsa paulista fechou antes do desfecho da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que deve elevar a Selic em 1 ponto percentual, para 14,25%, o maior patamar em quase uma década. Com a decisão em si já sinalizada pelo BC anteriormente, o foco deve ficar no comunicado do Copom.

DESTAQUES

– VIVARA ON disparou 7,57%, após lucro líquido de quase R$300 milhões no quarto trimestre do ano passado, um salto de 91,9% ano a ano, em resultado ajudado por alterações de critérios contábeis, mas também marcado por melhora em margens. Executivos da rede de joalherias afirmaram que a Vivara deve dedicar 90% da abertura de novas lojas este ano sobre a marca “Life”, onde vê as maiores oportunidades de crescimento.

– CVC BRASIL ON fechou em alta de 5,13%, em movimento endossado pelo alívio nas taxas do contratos de DI, que apoiou outros papéis sensíveis a juros, como VAMOS ON, que ganhou 5,39% e MAGAZINE LUIZA ON, que terminou com acréscimo de 3,99. O índice do setor de consumo na B3 encerrou com elevação de 1,25%.

– NATURA&CO ON avançou 4%, no segundo pregão de ajustes positivos, após fortes perdas desde a divulgação do balanço na semana passada. Apenas na sexta-feira, a ação desabou quase 30% refletindo decepção com o desempenho no último trimestre do ano passado e dúvidas sobre o ritmo do processo de “turnaround” da companhia e seus reflexos nos resultados futuros da fabricante de cosméticos.

– HAPVIDA ON caiu 4,24%, após seis altas seguidas, período em que acumulou uma valorização de 15%. A operadora de planos de saúde divulga balanço nesta quarta-feira após o fechamento no mercado. Na véspera, a ANS reportou dados do setor, incluindo um resultado líquido de R$785,49 milhões para a companhia ano passado. Em fato relevante, a Hapvida disse que os dados não refletem necessariamente seu resultado.

– VALE ON caiu 0,17%, enfraquecida pelo declínio dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado em Dalian fechou em baixa de 2,12%.

– PETROBRAS PN fechou com decréscimo de 0,08%, mesmo com o avanço dos petróleo no exterior, com o barril de Brent subindo 0,31%.

– ITAÚ UNIBANCO PN avançou 0,25%, em dia positivo para a maioria dos bancos do Ibovespa. BANCO DO BRASIL ON foi a exceção, recuando 0,39%.

– CASAS BAHIA ON, que não está no Ibovespa, disparou 29,3%, em mais uma sessão de forte valorização no mês — dia 6 subiu 14,3%, dia 7 avançou 19,1%, dia 10 saltou 29,9%, dia 11 valorizou-se 10,9% e dia 14 ganhou 15,8%, só para citar os ganhos de dois dígitos. No último dia 11, a varejista informou que o investidor Rafael Ferri atingiu uma participação de 5,11% do capital social da companhia.

– STONECO, que é negociada em Nova York, saltou 15,53%, após divulgar lucro líquido ajustado de R$665,6 milhões para o quarto trimestre de 2024, alta de 18% sobre o mesmo período de 2023. A receita total cresceu 11,1% ano a ano, para R$3,6 bilhões. A StoneCo também divulgou projeções para 2025, entre elas, estimou de lucro bruto ajustado acima de R$7,05 bilhões e um lucro básico por ação ajustado acima de R$8,6.