As redes de departamento que têm no vestuário sua principal fonte de renda vivem uma espécie de encruzilhada. De um lado enfrentam a pressão do segmento informal e das lojas de ruas. Do outro, têm de resistir ao avanço dos hipermercados, que a cada ano ampliam o portfólio para itens típicos de ?outras praias?: eletrônicos, autopeças e roupas.
Para continuar crescendo restam dois caminhos: entrar em ?guerra? contra os hipermercados (atulhando as prateleiras de eletroeletrônicos, por exemplo) ou rentabilizar a base de clientes, com serviços de conveniência, inclusive no setor financeiro. Foi que fez a holandesa C&A que incluiu no portfólio pacote turístico, seguros e títulos de capitalização, gerenciados pelo seu banco Ibi. E é exatamente essa trilha que a gaúcha Lojas Renner vai seguir, a partir de 2006, oferecendo o mesmo serviço da rival C&A.

Na quarta-feira 26, José Galló, presidente da Lojas Renner, disse que pretende abrir uma instituição financeira. Os primeiros correntistas do Banco Renner serão os oito milhões de portadores do cartão de crédito com a bandeira da rede. Hoje, o cartão é administrado pelo Banco Santander. Trata-se de um instrumento importante. É que apesar de somente metade dos cartões permanecerem ativos, eles garantem 78% da receita anual da Renner, estimada em R$ 1,5 bilhão para 2005. ?É uma solução inteligente para aumentar o tráfego de pessoas nas lojas. Também garante a apropriação de uma parte maior do orçamento dos clientes?, opina Luiz Paulo Lopes Fávero, coordenador do Pró-Varejo da USP.

Durante palestra na Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, o presidente da Renner contou também que vai fincar a bandeira na região Nordeste. É lá que deverão ser abertas 17 das 32 novas unidades previstas para até 2009. Cada uma delas representa um investimento médio de R$ 4,5 milhões. Hoje, a Renner possui 66 pontos-de-venda situados de Brasília para o Sul. E como a competição é feroz no ramo de vestuário, as redes que atuam apenas no eixo Sul-Sudeste têm de buscar outras praças para não serem reféns da ?guerra de preços?. ?No Nordeste ainda há muito espaço para crescer?, argumenta Heloísa Omine, dona da consultoria Shopfitting. E crescer é a palavra de ordem para Galló, que ficou no cargo após à saída dos antigos controladores, a americana J.C.Penney.

Força gaúcha
Nº de lojas: 66
Investimentos em 2005: R$ 50 milhões
Faturamento: R$ 1,5 bilhão (previsão)
Valor de Mercado: US$ 600 milhões
Fundação: 1922