30/07/2015 - 0:00
O Hospice de Beaune é um vinho peculiar na Borgonha, por duas razões: Primeiro porque a única forma de adquirir seus brancos e tintos é dando lances em um leilão anual, realizado sempre em novembro, na sede do Hospice, no centro de Beaune, e organizado, desde 2004, pela renomada casa Christie’s.
Segundo porque o barril comprado deve ser retirado das adegas do Hospice em janeiro do ano seguinte. O que fazer com a barrica é uma questão para as pessoas que participam do evento. O empresário Alaor Pereira Lino, dono da indústria química Aqia, acha que é esta dificuldade que afasta os brasileiros do leilão que, no próximo dia 15 de novembro, chega a sua 155.ª edição.
Com a experiência de dar lances nos dois últimos leilões (e de ter arrematado algumas barricas), Alaor decidiu trazer o evento para o Brasil. O leilão, que é realizado no salão principal do Hospice de Beaune, hoje um patrimônio da Borgonha, será transmitido ao vivo para os interessados aqui no País, em uma parceria com a Christie’s.
Alaor, ainda, fez uma parceria com a Anima Vinum para cuidar da barrica, desde a sua retirada na vinícola do Hospice até o engarrafamento e a rotulagem das garrafas – pelas regras do leilão, há um rótulo padrão, que traz sempre o nome de sua cuvée, que é uma referência aos doadores do vinhedo para o Hospice, e de quem adquiriu o vinho.
Nesta semana, Alaor está apresentando os vinhos do Hospice, inclusive alguns lotes que ele comprou, para interessados em dar os seus próprios lances na edição de 2015. Para isso, ele trouxe ao Brasil Ludivine Griveau, a primeira enóloga a cuidar dos 60 hectares de vinhedos do Hospice, doados por 48 benfeitores ao longo dos séculos. Ela assumiu o cargo no final do ano passado, substituindo Roland Masse, uma figura mítica na Borgonha pelo trabalho de qualidade realizado nos vinhedos.
O 155.º leilão será o primeiro com uvas colhidas e vinificadas pela equipe chefiada por Ludivine. Com as uvas começando a brotar nos vinhedos, a enóloga se diz confiante e espera que o próximo leilão bata recordes de arrecadação. Não poderia ser diferente.