18/05/2015 - 0:00
Na primeira reunião com os donos do Eataly – um misto de restaurantes e loja de produtos gourmet que faz (muito) sucesso em Nova York e em várias capitais italianas –, os brasileiros Bernardo Ouro Preto e Vitor Leal souberam que eram o número 201 na fila entre os candidatos para a abrir uma filial no Brasil. Certamente só foram recebidos porque tinham alguns fornecedores em comum. “No final da primeira reunião, acho que subimos algumas posições nesta fila”, conta Vitor, que, junto com Bernardo, é o sócio-fundador do grupo Saint Marché. No término da reunião, os dois foram convidados para jantar por lá e conhecer a Fontanafredda, vinícola do Piemonte que pertence a Oscar Farinetti, o empresário italiano que fundou o Eataly em 2007. As muitas imagens e informações que os brasileiros apresentaram sobre sua rede de supermercados contribuíram, e muito, neste primeiro encontro.
Um mês depois, os italianos e os norte-americanos desembarcaram no Brasil para conhecer alguns dos possíveis sócios, dentro do projeto de expandir suas lojas pelo mundo (conforme a unidade, o Eataly conta com uma participação dos italianos, como o chef Mario Batali, e norte-americanos). Nesta mesma viagem, Lucca Baffigo, CEO do Eataly Internacional, anunciou que Vitor e Bernardo seriam seus sócios brasileiros. A sociedade foi formada com 60% do Eataly, entre Itália e EUA, e 40% dos brasileiros. Dois anos e R$ 40 milhões depois, o Eataly Brasil abre as portas na próxima terça-feira, dia 19, em um envidraçado prédio de 4,5 mil metros quadrados, na avenida Juscelino Kubitschek, em São Paulo.
É um projeto ambicioso e que muda o conceito de gastronomia italiana no Brasil. “Estamos trazendo as receitas italianas atuais. A nossa pizza, por exemplo, será como a de Nápoles”, conta Vitor. São sete restaurantes temáticos, da pizza, elaborada por pizzaiolos italianos, aos peixes, duas cafeterias e uma sorveteria – ou melhor, gelateria. O bar de sucos é o toque brasileiro no negócio, que não serve refrigerantes – dizem que a Coca-Cola trava uma guerra com Farinetti, que veta a bebida em suas quase 30 lojas mundo afora. Há também muito ingrediente e produtos à venda, para quem prefere cozinhar e comer em casa – o Eataly segue os preceitos do slow food e, não por acaso, tem no italiano Carlos Petrini, o fundador deste movimento, como parceiro.
Para quem gosta de vinhos como eu, a proposta é ser a maior carta de rótulos italianos à venda no Brasil. “São mais de 800 vinhos só da Itália”, conta Bernardo. A maioria são do Piemonte e da Toscana. Há os grandes ícones do país da Bota, como os barbarescos de Angelo Gaja e o Masseto, considerado o melhor merlot italiano, mas Bernardo destaca que há também rótulos mais acessíveis – todos preços, e não só dos vinhos, só serão divulgados no dia da abertura.
Os dois sócios prometem seguir a proposta de preços do Saint Marché, no qual a maioria dos vinhos são comercializados pelo mesmo valor que as importadoras vendem para o consumidor final. Há também 288 rótulos importados diretamente. E para quem quer escolher um vinho na gôndola e levar para os restaurantes, o Eataly cobra uma inteligente taxa de R$ 30 por garrafa. Aqui, não importa se é um rótulo de R$ 30 ou de R$ 300, a taxa é sempre fixa, o que tende a impulsionar a venda das garrafas mais caras.