07/02/2018 - 12:27
Segundo dados recentemente divulgados pela consultoria PWC, foram registradas 643 transações de fusões e aquisições no Brasil em 2017. É um volume 8% superior ao registrado em 2016, mas ainda muito abaixo de anos anteriores. Para se ter uma ideia, em 2015, foram 742 negócios. Em 2014, 879. E, em 2013, 812.
Ainda com base nos dados da PWC, dentre as transações que tiveram seu valor anunciado, as “transações de pequeno porte”, com valor abaixo de US$ 100 milhões, tiveram crescimento de 27%, representando 74% do total. Esse número mostra que o chamado “middle market” está bastante ativo, principalmente pela atuação dos fundos de private equity, que aumentaram sua participação em 21% contra o ano de 2016.
Já o volume de “transações de grande porte”, com valor acima de US$ 1 bilhão, decresceu em volume. Foram 16 negócios em 2017, contra 19 em 2016. Mas não se pode dizer o mesmo na questão da relevância. Até porque foram transações envolvendo importantes players do mercado, com destaque para as movimentações da J&F (holding dos irmãos Wesley e Joesley Batista), que anunciou a venda de suas participações na Eldorado, Alpargatas e Vigor, totalizando mais de R$ 24,0 bilhões.
Ainda utilizando as informações divulgadas pela PWC, os investimentos de origem nacional tiveram um crescimento, em volume de transações, de 17% em 2017, representando 58% das operações divulgadas. As transações conduzidas por investidores estrangeiros, por sua vez, tiveram o seu volume reduzido em 2% quando comparado a 2016.
Apesar das crises política, econômica e moral que vêm castigando o Brasil desde 2014, pode-se dizer que os resultados de 2017 no mundo das fusões e aquisições são bastante satisfatórios, mostrando que investidores, sejam eles estratégicos ou financeiros, veem com “bons olhos” o futuro de nossa economia.
Mas será que é só isso? Será apenas a crença na recuperação dos fundamentos macroeconômicos (além dos de cunho político e jurídico) que está motivando a compra de empresas pelos empresários brasileiros?
Claro que fatores como redução da inflação, redução da taxa de juros, crescimento do PIB, redução do nível de insegurança jurídica, redução da incerteza política, diminuição da burocracia, dentre outros, são decisivos para a decisão de comprar (ou investir em) uma determinada empresa. Mas há algo além disso que merece atenção.
Com o aumento significativo do nível de competitividade em quase todos os setores da economia, muito até impulsionado pelos avanços tecnológicos que estamos vivenciando, o fator TEMPO passou a ter relevância ainda maior do que talvez tivesse há alguns anos.
O chamado “Time to Market”, ou seja, o momento de estar no mercado, vem tornando-se um “divisor de águas” na capacidade das empresas competirem. E, em época onde tudo pode mudar da noite para o dia, os ciclos de desenvolvimento e/ou de expansão tradicionais do passado, que levam tempo para amadurecerem, estão sendo trocados por aquisições que, apesar de seu elevado nível de risco, reduzem drasticamente o “Time to Market”.
Como os ativos brasileiros ainda estão baratos depois de tanta recessão, veremos aumentada o número de transações motivadas pelo fator TEMPO que, neste momento, está valendo mais do que dinheiro.