05/07/2018 - 10:25
Ribeirão Preto, 5 – A italiana Valagro espera um aumento de 30% ao ano nas vendas de fertilizantes especiais no Brasil com o fortalecimento das operações em grãos e fibras. A companhia pretende atingir, com a estratégia, um faturamento próximo a R$ 100 milhões no País em 2020. Focada até o ano passado nos setores de horticultura e fruticultura, a Valagro iniciou a rota de crescimento para as maiores lavouras do País, como soja, milho, algodão, arroz e trigo, e para as regiões Sul, Centro-Oeste e o Mapitoba, nova fronteira agrícola na região entre os estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia.
Há 20 anos no Brasil e há um ano com uma fábrica própria, em Pirassununga (SP) – que consumiu 10 milhões de euros de investimentos -, a Valagro espera elevar a fatia de grãos e fibras nas vendas dos atuais 20% para 80% no Brasil. “Do ponto de vista global, a expectativa é de chegarmos em 2020 com 30% das vendas mundiais relacionadas às culturas extensivas. No Brasil a previsão é chegarmos em 2022 com 60% das venda para grãos, partindo de um patamar atual de 20% a 25%”, disse à reportagem Victor Sonzogno, diretor da Valagro para Brasil e Cone Sul.
O Brasil divide com Estados Unidos, China e Índia os mercados prioritários da companhia, o que justificou o investimento na unidade, um dos primeiros projetos “greenfield” da Valagro, no município do interior paulista, cuja capacidade de produção é de 50 mil toneladas por ano. Segundo o executivo, o avanço do setor de grãos se dará com o YieldON, produto lançado no Brasil no ano passado, já comercializado na França.
Sonzogno explica que o crescimento orgânico no Brasil é feito por meio da busca de “parcerias sustentáveis com distribuidores de perfis tecnológicos diferenciados”, que incluem treinamentos feitos pela própria Valagro. “Quando falamos desse perfil tecnológico, é preciso treinar o mercado e melhorar capacitação. Por isso, investimos na capacitação, com plataforma Valagro Academy, para transferir a tecnologia ao mercado”, disse.
O executivo lembra que a companhia, cujo faturamento global atingiu 133 milhões de euros no ano passado, tem equipe própria de pesquisa e desenvolvimento e investe na área 4% da receita, além de manter parcerias com centros de pesquisas e patentes próprias. “A missão é produzir mais com menos. A empresa acredita que o segmento de nutrição especial está no meio do caminho entre o 100% orgânico, que é inviável para alimentar toda a humanidade, e o 100% químico, que é inconsequente para sustentabilidade”, afirmou.
Além do crescimento no País, a Valagro pretende transformar a unidade brasileira em base de exportação de produtos para a América Latina, principalmente para os vizinhos Chile, Uruguai e Argentina. Nas Américas, a companhia tem operações centralizadas também na Colômbia, México e Estados Unidos. Neste ano, anunciou a construção de uma fábrica na Carolina do Sul (EUA), cuja produção será voltada aos mercados norte-americano, canadense e mexicano.
Com o crescimento das exportações do Brasil e com vendas externas de outras unidades para mais 80 países, a Valagro espera minimizar a recente alta do dólar, já que os principais insumos são importados. “A empresa exportando para 80 países permite se equilibrar em relação à exposição das variações cambiais. A alta no Brasil nos impacta, tem efeito nos preços, mas tentamos buscar o equilíbrio”, concluiu Sonzogno.