27/10/2020 - 8:59
A França se prepara para tomar “decisões difíceis” para conter o avanço da epidemia de covid-19 no país, enquanto os epidemiologistas pedem medidas mais estritas para conter a curva de contágios.
“Devemos nos preparar para decisões difíceis”, afirmou nesta terça-feira o ministro do Interior, Gérald Darmanin, em uma entrevista à rádio France Inter, pouco antes de uma reunião de gabinete dedicada à gestão da crise de saúde.
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Dois terços dos franceses, ou seja, 46 milhões de pessoas já estão sob os efeitos do toque de recolher entre 21H00 e 06H00, mas diante de aumento acelerado de casos o governo prepara novas restrições.
“Não sei exatamente quais serão as decisões”, disse Darmanin, mas “em algum momento teremos que tomar decisões difíceis, como todos os nossos vizinhos europeus”, destacou, em referência às novas medidas contempladas na Itália, Espanha ou República Tcheca.
De acordo com parte da imprensa, o governo francês cogita ampliar o horário do toque de recolher, possivelmente acompanhado de um confinamento domiciliar aos fins de semana, ou ordenar confinamentos localizados nas regiões mais afetadas, como Paris.
O primeiro-ministro Jean Castex tem uma reunião prevista com os líderes dos principais partidos políticos e os líderes sindicais do país na tarde de terça-feira, antes de um novo encontro com o presidente Emmanuel Macron na manhã de quarta-feira.
“Prefiro confinamentos locais agora que um confinamento nacional no Natal”, disse Damien Abad, líder do principal partido de oposição de direita, Os Republicanos, em uma entrevista à rádio France Info.
Na mesma linha, o presidente da principal organização patronal da França (Medef), Geoffroy Roux de Bézieux, advertiu que um segundo confinamento geral, como o imposto entre março e maio, provocaria “um colapso da economia”.
A França registrou na segunda-feira 258 mortes por coronavírus em 24 horas e 357 internações em CTIs.
O número total de pessoas em Centros de Terapia Intensiva subiu para 2.761, quase metade da capacidade total do país, que é de 5.800, o que obrigou alguns hospitais a começar a transferir os pacientes para instalações menos lotadas.
O especialista em doenças infecciosas Gilles Pialoux pediu ao governo para decretar um novo confinamento em todo o país, apesar do custo econômico da medida.
“A economia pode ser recuperada, as perdas humanas não”, disse.