10/08/2022 - 17:21
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou no menor patamar em oito semanas nesta quarta-feira, abaixo de 5,10 reais, em dia de enfraquecimento generalizado da divisa depois que dados de inflação nos EUA inesperadamente fracos contiveram expectativas de altas mais fortes dos juros por lá.
Mas a moeda deixou as mínimas da sessão, conforme no exterior os ativos financeiros também passaram a refletir certa hesitação de investidores a respeito dos próximos passos do banco central norte-americano.
O dólar à vista caiu 0,87%, a 5,0853 reais, após bater 5,035 reais, recuo de 1,85%.
+ Brasil é o país com maior número de superdotados da América do Sul
Lá fora, o índice do dólar cedia 1%, uma respeitável queda, mas já abaixo da de 1,62% registrada mais cedo, a mais expressiva no intradia desde março de 2020.
A forte correção no dólar no mundo veio depois de a inflação ao consumidor dos EUA ficar estagnada em julho, contra alta de 0,2% prevista em consulta da Reuters. Os números mais fracos desencadearam uma notável recuperação nos mercados de ações, em que o índice norte-americano Nasdaq saltou 2,9%. [.NPT]
Com a inflação mais branda, o Fed poderia encontrar espaço para desacelerar a velocidade das altas de juros. A perspectiva de taxas mais elevadas em menos tempo provocou um rali no dólar neste ano, já que juro maior reforça a atratividade da renda fixa norte-americana, estimulando conversão de moedas estrangeiras para o dólar.
À medida que investidores cortam apostas num aperto monetário agressivo, portanto, o apelo da divisa se reduz, o que pode estimular realização de lucros depois de lá fora a moeda ter renovado recentemente máximas sequenciais em duas décadas.
“Mas, apesar da boa reação dos ativos, a precificação na curva (dos Treasuries) ainda está bastante dividida em relação ao que o Fed vai fazer na próxima reunião. Os próximos sinais sobre a política monetária dos EUA vão ser um dos principais pontos a serem observados para o real”, disse o economista Luca Mercadante, da gestora Rio Bravo.
A Rio Bravo traçou um cenário mais conservador no qual vê nova alta de 75 pontos-base pelo BC norte-americano em setembro. Com os dados de inflação mais fracos desta manhã, o mercado passou a ficar dividido entre elevação naquela magnitude e de 50 pontos-base.
A estimativa da gestora é que o dólar termine este ano em 5,50 reais, também influenciado pelas perspectivas para a política econômico-fiscal no pós-eleição.