O Magazine Luiza (MGLU3) ficou para trás na preferência dos analistas entre as três varejistas que divulgaram seus resultados do segundo trimestre na noite de quinta-feira (11). As atenções se dividiram entre Americanas (AMER3) e Via (VIIA).

Para Breno de Paula, especialista de Varejo e Consumo do Inter, a Americanas foi a empresa com os números “menos piores”. A XP Investimentos seguiu a mesma linha e classificou os resultados da companhia como mistos. O desempenho de Magalu e Via foi considerado fracos. No entanto, o analista da Top Gain Sidney Lima elegeu Via, antiga Via Varejo, como o seu grande destaque.

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A empresa, que controla as redes de bens duráveis Casas Bahia e Ponto, divulgou um lucro líquido contábil de R$ 6 milhões. Apesar de representar uma queda de 95,5% na comparação com o lucro de R$ 132 milhões do mesmo período do ano passado, o resultado foi muito melhor que as expectativas. Na mediana, os analistas previam um prejuízo de R$ 115 milhões.

Já as rivais, Magazine Luiza e Americanas amargaram prejuízos. A pior foi a empresa ligada a Luiza Trajano, que teve um resultado negativo de R$ 135 milhões, uma reversão de lucro de R$ 95,5 milhões de 2021. Já o prejuízo de Americanas ficou em R$ 98 milhões, uma perda 15,6% maior que a obtida no mesmo ciclo de 2021.

De acordo com Lima, da Top Gain, para chegar a um consenso sobre qual companhia teve o melhor desempenho no trimestre, o ideal não é só comparar o lucro, como foi feito até aqui, mas outros fatores também entram em ação. Segundo ele, é preciso analisar o crescimento do faturamento, a variação da geração de caixa medida pelo Ebitda (resultado antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) e a margem Ebitda. “Esses indicadores mostram claramente como tem sido a gestão financeira dessas empresas”, disse Lima.

Segundo ele, os números indicam as vantagens da Via. “Nessa comparação ao meu olhar o destaque fica para VIIA com alta de 30% para o Ebitda”, afirmou. Lima acrescentou que a empresa possui um dos negócios mais sólidos, e conseguiu afastar os temores relacionados às causas trabalhistas. Na visão do mercado, esses problemas ameaçavam seus resultados. “A companhia tem provado que tem feito uma boa gestão nesse cenário”, disse.

AMERICANAS
O desempenho da Americanas também agradou. “A surpresa foi a alta de 29,2% no Ebitda. O número mostrou que a companhia é resiliente ao novo comportamento do consumidor”, afirmou. Para Lima, a companhia ficou em segundo lugar.

Para de Paula, da Inter, os números da Americanas não foram tão negativos quanto os das outras por causa do volume bruto total de mercadorias, Gross Merchandise Volume (GMV), que subiu 10,4% para R$ 13,9 bilhões. Ele também comentou que houve um ganho de rentabilidade, explicado pelas sinergias da fusão entre a Americanas e a B2W. A companhia está em uma situação menos desfavorável que a concorrência. “Não temos uma empresa favorita, todas estão com recomendação neutra e sentem as pressões do cenário macro”, disse de Paula.

MAGAZINE LUIZA
Embora o resultado do Magalu tenha sido classificado como desfavorável pelas três casas de análise, a XP Investimentos ainda viu um ponto positivo em meio ao cenário desafiador que a empresa vem enfrentando, a companhia conseguiu gerar caixa.

“O Magazine Luiza conseguiu entregar geração de caixa positiva de R$ 1 bilhão (enquanto seus pares comparáveis registraram queima de caixa) impulsionada pela redução de estoques e recebíveis”, escreveram Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt, que assinam o relatório divulgado pela corretora. Mesmo assim, o resultado foi considerado fraco. O prejuízo milionário foi decorrente da alta das despesas financeiras devido ao aumento da Selic, afirmaram os especialistas da XP.

Além disso, houve um impacto negativo da Luizacred explicado por um maior nível de inadimplência. Por isso, a corretora manteve a recomendação para o papel neutra, assim como o Inter, visto o cenário macroeconômico muito complicado para a empresa.