09/09/2022 - 7:26
Quando entrou no governo Bolsonaro como o superministro da Economia, Paulo Guedes tinha sonhos faraônicos. Dizia-se capaz de modernizar a República, adequar o tamanho do Estado, vender R$ 1 trilhão em imóveis e mudar a cara do Brasil. Em quatro anos, pouco, ou quase nada, foi feito nesse sentido. Agora coube ao ex-posto Ipiranga voltar a fazer promessas que seduzam o mercado. Essa tática foi escolhida por Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil. Ele deu ao Chicago Boy a incumbência de trazer de volta para Bolsonaro os votos perdidos na Faria Lima e em outros centros empresariais. E assim tem sido. Nas duas últimas semanas Guedes encontrou pessoas importantes do setor financeiro, com destaque para o presidente de um grande banco tradicional e para o dono de uma fintech. O objetivo foi explicar como a economia será conduzida em um segundo mandato.
Mas a carta branca que o mercado deu em 2018 parece que não vai se repetir em 2022. E são dois motivos para isso. Primeiro porque Bolsonaro ainda não deixou evidente que reconduzirá Guedes ao cargo de comandante da Economia nacional em caso e reeleição e, ainda que o faça, não é garantido que as ideias de Paulo Guedes serão realmente ouvidas. Segundo porque o ex-presidente Lula tem usado o seu vice, Geraldo Alckmin para se aproximar justamente deste pessoal.
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Mas para se aproximar deste perfil de eleitor, Guedes foi preparado para ouvir. Entre as demandas apontadas por executivos do sistema financeiro estão algumas regulamentações para o mercado de ações, em especial mais clareza sobre eventual taxação de dividendos e definições sobre os impostos atrelados aos fundos de investimento em construção.
E, como um aceno de boa fé, Guedes lembrou que o governo deu celeridade na regulamentação do crédito consignado para o Auxílio Brasil (elaborado e posto em operação em poucas semanas) e que deu aos bancos a possibilidade de uma nova linha de crédito para trabalhar. Apesar da parte tradicional do sistema bancário ter optado por não oferecer a modalidade de crédito, muitos bancos menores ou digitais vão oferecer o serviço para ampliar sua base de clientes. Mesmo assim, o gesto foi considerado pouco. Diferentemente de 2018, Guedes não conseguirá tão fácil o papel de fiador de Bolsonaro, e o mercado vai querer mais garantias.