Horas após ser multada por participar de bloqueio a um terminal de petróleo na Suécia, ativista voltou ao mesmo local e acabou sendo retirada à força por policiais.A ativista climática Greta Thunberg foi removida à força pela polícia de um protesto em frente a terminal de petróleo no porto de Malmo, no sul da Suécia, nesta segunda-feira (24/07), poucas horas depois de um tribunal multá-la por desobedecer a uma ordem policial durante um protesto no mesmo local em junho.

Thunberg, de 20 anos, que se tornou a figura mais conhecida do movimento global em defesa do clima, compareceu mais cedo ao tribunal para responder pelas acusações de perturbação do trânsito e por ter desobedecido uma ordem para deixar o local no protesto anterior, em 19 de junho.

As acusações contra ela e vários outros jovens ativistas do movimento Reclaim the Future (“Reivindique o Futuro”) vieram após eles se recusarem a obedecer a uma ordem policial para se dispersarem, depois de bloquearem uma estrada de acesso ao terminal.

A ativista sueca admitiu a desobediência, mas rejeitou ter cometido um crime, ao afirmar que a luta contra a indústria dos combustíveis fósseis é uma forma de autodefesa em razão das ameaças existenciais e globais geradas pela crise climática.

“É correto que estive no local naquele dia e é correto que recebi uma ordem à qual não dei ouvidos, mas quero negar o crime”, declarou a jovem. “A meu ver, vivemos uma emergência, e devido a isso minha ação foi legitima”, afirmou à imprensa após o julgamento.

Após julgamento, novo bloqueio

“Não podemos salvar o mundo agindo dentro das regras”, disse a ativista, prometendo não retroceder de maneira alguma. O tribunal rejeitou suas declarações e a multou em 1,5 mil coroas norueguesas, além do pagamento de outras 1000 coroas para o fundo sueco para vítimas de crimes (em torno de R$ 1.175, no total).

As acusações podem render pena máxima de seis meses de prisão, mas normalmente a Justiça pune os infratores com multas. “É absurdo que os que agem em linha com a ciência, os que bloqueiam a indústria dos combustíveis fósseis, sejam os que tenham que pagar o preço”, afirmou Thunberg.

Horas mais tarde, ela voltou a participar de um novo protesto no mesmo local, impedindo o acesso ao porto de Malmo e portando um cartaz com os dizeres “eu bloqueio caminhões-tanque”.

Depois de cerca de uma hora, ela e cinco outros ativistas foram removidos à força do local pelos policiais. Em nota, a polícia confirmou que eles serão notificados por “desobedecer ordens policiais” – a mesma acusação que Thunberg enfrentou no tribunal pela manifestação de junho.

Fenômeno global

Thunberg ganhou fama internacional após iniciar as greves escolares pelo clima em frente ao Parlamento sueco em Estocolmo aos 15 anos de idade. Ela e um pequeno grupo de jovens fundaram o movimento “Fridays for Future” (“Greves pelo futuro”) que rapidamente se tornou um fenômeno global.

Em junho deste ano, a ativista participou de sua última greve escolar pelo clima, no mesmo dia de sua formatura do ensino médio.

A jovem anos havia tirado um ano “sabático” da escola em 2019 para aumentar a conscientização global sobre a ação climática, o que atrasou em um ano sua formatura.

O “Reclaim the Future” afirma que, apesar de uma série de desafios legais, se mantem firme em sua determinação de enfrentar a indústria dos combustíveis fósseis.

“Se a corte escolher ver nossas ações como crime, que assim seja, mas nós temos o direito de viver, ao que os combustíveis fósseis permanecem sendo um impedimento”, afirmou Irma Kjellstrom, porta-voz do movimento.

rc (AP, AFP)