21/11/2023 - 14:49
Os mercados reagiram com otimismo à eleição como presidente da Argentina do libertário e ultraliberal Javier Milei, que nesta terça-feira (21) teve uma primeira reunião com o presidente Alberto Fernández, para coordenar a transição e a posse no dia 10 de dezembro.
+ Qual será o tamanho da base de Milei no Congresso
A Bolsa de Valores de Buenos Aires abriu com alta de 20% nesta terça-feira, primeiro dia útil após o segundo turno presidencial em que Milei venceu com 55% dos votos o ministro da Economia, o peronista Sergio Massa.
Ao meio-dia, a alta do mercado havia moderado para 15%.
As ações da petrolífera estatal YPF lideram este aumento, com valorização de 35%. Esta é uma das empresas que o presidente eleito anunciou que iria privatizar no âmbito de uma ampla reforma do Estado.
“Tudo o que puder estar nas mãos do setor privado estará nas mãos do setor privado”, garantiu Milei após a vitória. O presidente eleito também prometeu reduzir os gastos fiscais em 15%.
As outras ações que impulsionam o aumento são as da companhia telefônica privada Telecom Argentina (35%).
Segunda-feira foi feriado na Argentina e os mercados não funcionaram. Mas as ações argentinas listadas em Wall Street já haviam disparado, com a YPF na liderança (+40%).
A taxa de câmbio informal, conhecida como “dólar blue”, reagiu com moderação, sendo negociada a 1.045 pesos por dólar, em comparação com 371,50 pesos por dólar da taxa de câmbio oficial. Em outubro, o “blue” ultrapassou a barreira psicológica dos 1.000 pesos, embora tenha caído depois e marcado 950.
A Argentina aplica um sistema de controle cambial desde 2019.
A inflação anualizada atingiu 143% em outubro e a pobreza atinge 40% da população.
“O país enfrenta há muitos anos uma deterioração cada vez maior dos seus desequilíbrios macroeconômicos estruturais”, alertou a economista Elisabet Bacigalupo à AFP, que, no entanto, considera que o presidente eleito “tem muitas oportunidades que pode capitalizar”.
– Transição –
Nesta terça-feira, Milei teve sua primeira reunião com o presidente Alberto Fernández para coordenar a transição de governo, assim como a posse, marcada para 10 de dezembro.
O encontro se prolongou por quase duas horas, sem que nenhum dos dois fizesse declarações à imprensa.
Milei, economista que ficou conhecido como comentarista de programas de TV, entrou na política há apenas dois anos, quando foi eleito deputado com um discurso virulento contra a classe dirigente.
O seu partido A Liberdade Avança tem apenas sete dos 72 senadores e 38 dos 257 deputados, após as eleições parlamentares parciais de outubro.
Mas no segundo turno presidencial, conseguiu o apoio do ex-presidente Mauricio Macri (2015-19) e da ex-candidata presidencial Patricia Bullrich, da coalizão de centro-direita Juntos pela Mudança, a segunda força parlamentar que, no entanto, foi quebrada por esta decisão.