14/03/2025 - 17:22
O apetite dos investidores globais por ativos de maior risco fez o dólar cair ao redor do mundo nesta sexta-feira, 14, encerrando a sessão no Brasil com queda de quase 1% e mais próximo dos R$ 5,70 que dos R$ 5,80.
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O dólar à vista fechou o dia com baixa de 0,90%, aos R$ 5,7451, menor cotação desde 26 de fevereiro, quando encerrou em R$ 5,7450. Na semana, o dólar acumula baixa de 0,76%. Veja cotações.
Às 17h05 na B3 o dólar para abril — atualmente o mais líquido no Brasil — cedia 1,01%, aos R$ 5,7640.
O Ibovespa fechou em alta nesta sexta-feira, recuperando os 129 mil pontos no melhor momento, com as blue chips Vale, Petrobras e Itaú registrando ganhos expressivos, enquanto Natura&Co foi destaque negativo após divulgação de resultado, com um tombo de 30%, perdendo R$ 5,6 bi em valor, após resultado trimestral.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa avançou 2,64%, a 128.957,09 pontos, máxima de fechamento desde 11 de dezembro do ano passado. No melhor momento do dia, chegou a 129.194,14 pontos. Na mínima, marcou 125.646,73 pontos.
Na semana, acumulou uma valorização de 3,14%, somando ganho de 5,01% no mês.
O volume financeiro nesta sexta-feira totalizou R$ 27,3 bilhões.
O dólar no dia
A moeda norte-americana oscilou em baixa ante o real durante todo o dia, puxada pela queda do dólar também no exterior, em sessão marcada pela busca dos investidores por ativos de maior risco, como ações e divisas de países emergentes.
Por trás do movimento de busca por risco estavam fatores como o avanço das negociações para um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia, o acordo fechado para uma reforma fiscal na Alemanha e a percepção de que há espaço para recuperação das ações nos EUA, após o movimento recente de liquidação de papéis.
Neste cenário, após marcar a cotação máxima de R$ 5,7897 (-0,13%) às 9h00, na abertura do mercado, o dólar à vista atingiu a mínima de R$ 5,7102 (-1,50%) às 14h18. O recuo estava em sintonia com a alta firme do Ibovespa, em um dia de modo geral positivo para os ativos brasileiros.
Durante a tarde, o dólar retomou um pouco de fôlego no Brasil, com investidores ajustando posições antes do fim de semana.
Na próxima semana as atenções dos investidores se voltam para as decisões sobre juros dos EUA e do Brasil, ambas na quarta-feira.
No mercado a expectativa é de elevação de 100 pontos-base da Selic, hoje em 13,25% ao ano, o que em tese reforça o diferencial de juros do Brasil e sua capacidade em atrair recursos. Mais do que a decisão em si, os agentes estarão atentos às pistas do Banco Central para a reunião seguinte de política monetária, em maio.
Pela manhã, o Banco Central vendeu toda a oferta de 24.557 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1º de abril de 2025.
Às 17h18 o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,13%, a 103,690.
O dia do Ibovespa
Na visão do gestor de renda variável Tiago Cunha, da Ace Capital, o desempenho positivo das ações brasileiras encontrou suporte em uma combinação de eventos, sendo um deles o alinhamento entre EUA e G7 para pedir à Rússia que aceite um cessar-fogo na Ucrânia.
Mas ele também apontou o acordo histórico na Alemanha para uma reforma fiscal a fim de reforçar a defesa e impulsionar o crescimento da maior economia da Europa, bem como um certo ceticismo com as ameaças tarifárias mais agressivas do presidente norte-americano, Donald Trump, após tantas mudanças de opinião.
Cunha também chamou a atenção, no Brasil, para mais uma pesquisa mostrando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva perdendo popularidade, embora o governo tenha confirmado que apresentará na próxima semana proposta que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda.
De acordo com o gestor, há uma parcela de capital externo também favorecendo, conforme a recente fraqueza em Wall Street acabe beneficiando mercados emergentes, como é o caso do Brasil, mesmo com incertezas fiscais ainda pressionando o sentimento de investidores, principalmente locais.
Dados da B3 sobre a movimentação de estrangeiros mostram entrada líquida de R$ 899,1 milhões em março até o dia 12. No ano, o saldo está positivo em quase R$ 9,6 bilhões.
Wall Street endossou a performance positiva no pregão brasileiro, com o S&P 500 subindo mais de 2%, em dia de ajustes após quedas fortes na semana, que foram desencadeadas por temores de desaceleração do crescimento devido às políticas comerciais erráticas do governo Trump.
DESTAQUES
– NATURA&CO ON desabou 29,94%, maior queda percentual em um dia da história da companhia, após resultado trimestral frustrar expectativas, com analistas destacando margens e mesmo um resultado operacional pior do que estimavam. A ação fechou a R$9,5, menor preço de fechamento desde outubro de 2015 e equivalente a uma perda de R$5,6 bilhões em valor de mercado. Em teleconferência sobre o balanço, executivos da fabricante de cosméticos reforçaram o compromisso com a expansão de rentabilidade da empresa, mas acrescentaram que ainda há muito o que fazer no processo de transformação da companhia.
– MAGAZINE LUIZA ON saltou 13,48%, após o balanço do último trimestre apontar lucro ajustado de R$139,2 milhões. Alguns operadores citaram movimentos de short squeeze nas ações. Analistas do Safra afirmaram que números operacionais ficaram abaixo das suas expectativas, mas destacaram positivamente a geração de caixa. Em teleconferência com analistas, o presidente-executivo, Frederico Trajano, afirmou que o Magalu pretende elevar a concessão de crédito em 2025 como forma de acelerar as vendas físicas e online das marcas do grupo.
– VALE ON avançou 3,28%, favorecida pela alta dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com ganho de 2,32%. Os preços tiveram como suporte sinais de demanda resiliente e expectativas crescentes de medidas adicionais de estímulo na China, o maior consumidor mundial de minério. No setor, CSN ON , que controla a CSN Mineração, subiu 11,82%, enquanto USIMINAS PNA avançou 4,07% e GERDAU PN ganhou 2,61%.
– PETROBRAS PN valorizou-se 3,08%, acompanhando o viés mais comprador da bolsa paulista, em dia positivo para o petróleo no exterior. O barril de Brent, usado como referência pela estatal, fechou com acréscimo de 1%.
– ITAÚ UNIBANCO PN encerrou negociada em alta de 3,25%, com o setor como um todo mostrando desempenho robusto. BRADESCO PN avançou 4,12%, BANCO DO BRASIL ON terminou com elevação de 1,42% e SANTANDER BRASIL UNIT registrou acréscimo de 3,55%. O índice do setor financeiro subiu 3,98%, ajudado ainda pelo desempenho da B3 ON, que se valorizou 10,95%.
– AZZAS 2154 ON desabou 10,42%, em meio a uma reportagem publicada pelo Valor Econômico, citando fontes, de que os principais acionistas do grupo de varejo de moda, Alexandre Birman e Roberto Jatahy, estão tentando negociar um divórcio, menos de oito meses depois de concluírem a fusão entre suas empresas Arezzo&Co e Soma.