21/11/2016 - 0:00
O novo Mini Countryman já teve suas imagens divulgadas e começará a ser produzido no início de 2017 na fábrica de Graaz. Atualmente montado na Áustria e em Santa Catarina (Araquari), o Mini Countryman abandonará a carroceria bochechuda e ganhará linhas mais duras e secas. As laterais, a dianteira e o teto ficarão menos arredondados.
A ideia é dar ao carro um aspecto mais parecido com o Range Rover Evoque, outro inglês de enorme sucesso, aumentando suas características de SUV (embora seja, de fato, um crossover). Mas, segundo o diretor geral da Mini no Brasil, ainda não é certa a produção do novo modelo em Araquari.
A nova geração do Mini Countryman usará a mesma plataforma do BMW X1 (UKL), que permitirá alargar a carroceria e crescer a distância entre-eixos. Entretanto, o Mini é um carro muito exclusivo e talvez o Grupo BMW opte por aumentar a produção do próprio X1 ou de outro modelo. Não que esteja descartado. Julian Mallea afirma que a Mini do Brasil já fez todos os estudos pedidos pela matriz, mas só pode torcer que o Countryman continue sendo feito na fábrica catarinense.
Mallea é um dos muitos executivos argentinos que se transferiram para a indústria automobilística brasileira. Ele nasceu em San Juan (perto de Mendoza), torce para o River Plate e está no Brasil desde 2015. “Fiquei surpreso com a procura por carros de alto desempenho”, afirma. “Só no Brasil temos uma performance tão alta do Cooper S e do JWC.”
Ele revela que a procura pelos Mini de alto desempenho é aproximadamente 70%, enquanto no restante da América Latina fica entre 35% e 45%. Mallea também observa que o mercado brasileiro tem muita similaridade com o argentino, mas ressalva: “O consumidor brasileiro é mais torcedor de carro, mais apaixonado pelo modelo e muito bem informado”. É por causa desse perfil que o novo Mini Cabrio surpreendeu ao conquistar imediatamente 7% de participação nas vendas da marca.
O executivo argentino analisa os números da Mini sob dois aspectos: motor e modelo. Em motorização, o Cooper tem 12% das vendas, o Cooper S (mais potente) registra 80% e o John Cooper Works (JCW) tem 8%. Quanto aos modelos, o ranking é o seguinte: Hatch 3 portas (37%), Hatch 5 portas (24%) Countryman (20%), John Cooper Works (8%), Cabrio (7%) e Clubman (4%). O Countryman, entretanto, já saiu de catálogo – será vendido até acabar o estoque, em janeiro. E só retornará a partir do segundo semestre com o novo (fabricado ou importado).
Em termos de sucesso comercial, não faz muito sentido o Grupo BMW parar com a produção do Mini Contryman no Brasil. Até porque o preço da velha geração (R$ 146.950) é inferior ao do BMW X1 de entrada (R$ 168.950). Mas a indústria automobilística não pensa duas vezes quando se trata de economizar custos. Por isso, a confirmação da produção do Countryman em Santa Catarina dependerá muito de quanto o Grupo BMW terá de investir na nova linha de produção, mesmo compartilhando a plataforma com o X1.
Todavia, a transformação da Mini só em importadora também faz sentido, pois a própria marca tem enorme dificuldade para achar um concorrente direto no Brasil. Julian Mellia confirmou esse detalhe ao dizer que o posicionamento de preço dos Mini é baseado nos Audi A1 e A3, no Peugeot 208, no Fiat 500 e até no Volkswagen Golf. Desses, só o Fiat 500 poderia se considerado de fato um concorrente – mas só a versão esportiva Abarth (R$ 94.000), pois as demais são muito baratas comparadas ao carrinho inglês.
O mau momento do mercado brasileiro também pode influenciar. O novo Mini Countryman estava previsto para o final de 2017 e foi antecipado para metade do ano que vem. No Brasil, a Mini esperava uma queda de 25% em suas vendas este ano, mas ela foi de 28%. De janeiro a outubro, a Mini vendeu 1.678 carros no Brasil, contra 1.208 no mesmo período da temporada passada.