06/05/2016 - 0:00
Como ato de saída, numa demonstração aberta de que não guarda qualquer compromisso com a responsabilidade fiscal, Dilma Rousseff resolveu lançar o que chamou de “pacote de bondades” – um verdadeiro malote de gastos populistas sem respaldo financeiro que não deve vingar. É o triste fim de uma era que o Brasil espera ver varrida para sempre. Sob a batuta de Michel Temer e Henrique Meirelles, há muita bagunça a ser arrumada. O sucessor da presidente planeja rever várias das medidas provisórias que ela vem deixando pelo caminho como pautas-bombas para o orçamento.
O futuro ministro da Fazenda, que já foi informalmente anunciado como tal, defende um acertado limite dos gastos públicos. Será a volta das contas oficiais ao trilho da LRF, que completou 16 anos de existência na semana passada. Meirelles quer equacionar os reajustes propostos no campo social com apertos em outras áreas. O objetivo maior é o resgate da confiança na economia. A insegurança jurídica e o monstruoso déficit de quase R$ 100 bilhões legados por Dilma arrancaram do Brasil o grau de investimento na avaliação das agências de risco. Só com a interrupção da gastança é que o quadro pode começar a ser revertido.
Na prática, a mandatária, que deve sair do Planalto nesta semana, quis deixar um cenário de terra arrasada, na linha do quanto pior, melhor. No palanque do Dia do Trabalho prometeu o que deixou de realizar nos últimos anos. Todos os seus programas sociais vinham sendo cortados violentamente por falta de recursos. Mesmo o “Bolsa Família” havia sofrido uma tesourada de quase 6%, enquanto o Fies, o Pronatec e as verbas educacionais ficavam à míngua, numa trajetória descendente de 2015 para cá.Pelo menos! Os dados mostram a paralisia absoluta de projetos nesses momentos finais de Dilma.
E cada uma das decisões mais recentes tomadas por ela só reforça a impressão de que seus delitos financeiros – especialmente as pedaladas e verbas suplementares – causaram de fato a ruína do País, desorganizando atividades produtivas e imprimindo um sofrimento sem precedentes aos trabalhadores e suas famílias. Quase onze milhões de desempregados, uma inflação descontrolada e juros pela hora da morte viraram uma conta pesada demais a ser resolvida. Por isso todos contam as horas para o fim dessa marcha da insensatez.
(Nota publicada na Edição 966 da Revista Dinheiro)