07/08/2022 - 17:58
Após 18 meses de negociações, o Senado dos Estados Unidos aprovou neste domingo(7) o ambicioso plano do presidente Joe Biden para o clima e saúde, uma vitória a menos de 100 dias de eleições fundamentais.
Apenas com seus votos, os democratas aprovaram o plano de mais de US$ 430 bilhões, que retornará à Câmara dos Representantes na próxima semana para uma votação final e depois será sancionado por Biden.
Biden comemorou a decisão do Senado e reconheceu que nem todos estão felizes com o resultado final.
“Isso exigiu muito compromisso”, disse Biden em um comunicado. “A Câmara dos Representantes deve aprová-lo o mais rápido possível e estou ansioso para transformá-lo em lei”, acrescentou.
– Veículos elétricos –
Produto de difíceis compromissos com a ala direita do Partido Democrata, a iniciativa, apelidada de “Lei de Redução da Inflação”, inclui 370 bilhões de dólares para reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 40% antes de 2030. Com essa reforma, cada americano receberá até 7.500 dólares em créditos fiscais para a compra de um carro elétrico.
A instalação de painéis solares nos telhados será reembolsada em 30%. Essa reforma possibilitaria fortalecer a resistência das florestas diante dos violentos incêndios que assolam o oeste do país, cuja multiplicação tem sido atribuída diretamente ao aquecimento global.
Vários bilhões de dólares em créditos tributários também serão oferecidos às indústrias mais poluidoras para ajudá-las em sua transição energética, medida fortemente criticada pela esquerda do partido.
– Reclamações –
No sábado, os senadores finalmente começaram a debater o texto na Câmara por quinze horas ininterruptas, analisando dezenas de emendas.
O influente senador de esquerda Bernie Sanders apresentou diversas emendas que visam reforçar o aspecto social do texto, que nos últimos meses foi consideravelmente cortado.
O texto prevê investimentos de 64 bilhões de dólares em saúde e a redução gradual do preço de alguns medicamentos, que nos Estados Unidos podem ser até dez vezes mais caro do que em outros países ricos.
Mas os progressistas tiveram que abandonar suas ambições de creches e faculdades públicas gratuitas e melhores cuidados para os idosos.
“Milhões de aposentados continuarão com dentes podres e não receberão as dentaduras, aparelhos auditivos ou óculos que merecem”, criticou Sanders.
Paralelamente a esses investimentos maciços, o projeto de lei visa reduzir o déficit público com um novo imposto mínimo de 15% para todas as empresas cujos lucros ultrapassem um bilhão de dólares.
Pretende, assim, evitar que algumas grandes empresas utilizem as brechas fiscais que lhes permitiram pagar uma taxa muito inferior à teórica. Estima-se que essa medida possa gerar mais de 258 bilhões de receitas federais nos próximos 10 anos.